Veículos de imprensa foram colocados para fora de um evento do Partido Liberal (PL), em Brasília, onde a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro (PL) fará um discurso para apoiadoras neste sábado, 2, no Encontro Distrital do PL Mulher. Mesmo com credenciamento prévio, repórteres e cinegrafistas tiveram que se retirar de última hora sob a justificativa de que o local do encontro não tinha um espaço reservado para jornalistas.
Além do Estadão, profissionais do SBT, Correio Braziliense e da CNN Brasil foram impedidos de entrar no Hípica Hall, prédio onde está sendo realizado o evento. Na vistoria dos participantes, seguranças impediram que câmeras fotográficas entrassem no auditório onde a ex-primeira-dama irá discursar.
Os jornalistas que conseguiram entrar no espaço foram convidados a se retirar pouco tempo depois, e os que ficaram do lado de fora não tiveram permissão de passar pelos portões, que ficou fechado para a realização do encontro partidário. Houve também profissionais que foram retirados após serem “dedurados” por participantes.
Assessores do PL informaram à equipe de reportagem do Estadão que estava presente no local que o impedimento do trabalho da imprensa aconteceu porque não havia um espaço reservado aos jornalistas. Porém, em outros eventos, como na posse de Michelle na presidência do PL Mulher, em março deste ano, jornalistas puderam acompanhar a cerimônia que, inclusive, reuniu mais participantes e autoridades do que o evento deste sábado.
Silêncio de Michelle e Bolsonaro à PF
O impedimento do trabalho da imprensa aconteceu dois dias depois de Michelle, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e mais seis pessoas serem intimadas a prestarem um depoimento simultâneo na Polícia Federal (PF), que investiga o esquema de venda ilegal de joias recebidas pela Presidência da República. O casal presidencial preferiu ficar em silêncio durante a oitiva, sob a justificativa de que o Supremo Tribunal Federal (STF), que acompanha as investigações da PF e autoriza operações, quebras de sigilo e buscas, não seria competente para o caso.
Deflagrada em 11 de agosto, a Operação Lucas 12:2 da PF revelou que aliados do ex-presidente teriam vendido joias e outros objetos de valor recebidos em viagens oficiais da Presidência da República. Segundo a PF, essas peças, que deveriam ser incorporados ao acervo da União, foram omitidas dos órgãos públicos, incorporadas ao estoque pessoal de Bolsonaro e negociadas no exterior para fins de enriquecimento ilícito.