Manaus vai sediar o lançamento da 1ª pesquisa sobre Infância dos povos indígenas do Brasil, em um evento realizado pela Universidade de Brasília (UnB), nesta quinta-feira (15), a partir das 8h30, no Auditório da Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira (Coiab), localizado na Avenida Ayrão, bairro Presidente Vargas, zona central da capital.
A pesquisa realizada pelo Centro de Estudos Avançados Multidisciplinar (CEAM) e o Observatório dos Povos Indígenas e suas Infâncias (O’PROInfância), quer aprofundar o entendimento sobre condições de vida, desafios e experiências das crianças indígenas no Brasil, com estudo de caso no Amazonas e Mato Grosso.
Segundo o professor doutor e coordenador do estudo no Amazonas, Gersem Baniwa, o intuito da pesquisa é conhecer as condições de existência e das realidades vivenciadas e enfrentadas pelas crianças indígenas na atualidade.
“Conhecer suas potencialidades, forças, valores, assim como os desafios, ameaças e problemas. Também queremos verificar a aplicabilidade de seus direitos assegurados nas normas legais por meio de políticas públicas efetivas. E por fim, identificar possíveis perspectivas de futuro esperadas e planejadas por elas e para elas”, afirmou.
O protagonismo indígena não se dá apenas pelo objetivo do estudo, mas também pelos próprios pesquisadores que são diferentes etnias.
“Todo esse conhecimento dessas realidades, desafios e possibilidades nos ajudará no planejamento e na definição de estratégias por parte das próprias comunidades indígenas e das políticas públicas, comprometidas a assegurar os direitos e garantir um futuro digno e desejável para as crianças indígenas”, defendeu Gersem.
Ao todo serão dez povos indígenas participantes do projeto: Baré, Dessano, Piratapuia, Tuyuca, Tuca, Kambeba, Mura, Sateré-Mawé, Ticuna e Yanomami. Além disso, membros de outros povos também poderão colaborar.
“Estas são realidades reais do campo que esta pesquisa reconhece que é importante levar em consideração, por isso a chamados de colaborativa participativa. Cada um, com suas perspectivas e saberes únicos, estão integralmente envolvidos na concepção, execução e análise do projeto, caracterizado por uma abordagem metodológica participativa, colaborativa e de co-autoria”, explica o pesquisador.
Segundo Baniwa, esta abordagem assegura a inclusividade e a representatividade das comunidades indígenas envolvidas. Desde o planejamento até a análise dos resultados.
“Além da capacitação de pesquisadores indigenas que irão a campo, os debates sobre a importância e os limites do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) e as realidades assustadoras enfrentadas por crianças inseridas em meio ao garimpo, narcotráfico, prostituição, contaminação de rios por mercúrio – que bebem e onde banham – e de peixes de que se alimentam”, finaliza.
O lançamento do Projeto marca o início da pesquisa de campo no Mato Grosso, com foco nas experiências das crianças indígenas do estado. O evento vai reunir autoridades locais, comunidades indígenas e acadêmicos para promover um diálogo construtivo sobre o bem-estar das crianças e a preservação das culturas indígenas no Brasil.
*Fonte: Acrítica