O procurador do Tribunal Penal Internacional (TPI), Karim Khan, anunciou nesta última segunda-feira que solicitou a emissão de mandados de prisão contra o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, e três líderes do movimento palestino Hamas, por supostos crimes de guerra e crimes contra a humanidade.
Após mais de 200 dias de guerra entre Israel e Hamas, o procurador do tribunal com sede em Haia informou em um comunicado que apresentou pedidos para ordens de prisão contra Netanyahu e seu ministro da Defesa, Yoav Gallant, por crimes como “matar deliberadamente os civis de fome”, “homicídio doloso” e “extermínio e/ou assassinato” na Faixa de Gaza.
“Afirmamos que os crimes contra a humanidade acusados foram cometidos como parte de um ataque generalizado e sistemático contra a população civil palestina, para cumprir uma política de Estado. Segundo as nossas conclusões, alguns destes crimes continuam sendo cometidos”, declarou Khan, em referência a Netanyahu e Gallant.
O governo de Israel, que não faz parte do TPI, classificou o pedido como uma “decisão escandalosa” e uma “vergonha histórica”, segundo o ministro israelense das Relações Exteriores, Israel Katz.
O presidente de Israel, Isaac Herzog, criticou este anúncio como um exemplo de que “o sistema de Justiça internacional está em risco de colapsar”.
O ministro do gabinete de guerra israelense, Benny Gantz, afirmou, por sua vez, que “colocar os líderes de um país que entrou em guerra para proteger seus cidadãos no mesmo patamar que terroristas sedentos de sangue constitui uma cegueira moral”.
As acusações contra os dirigentes do Hamas, entre eles Yahya Sinwar, líder do movimento islamista em Gaza, incluem “extermínio”, “estupro e outras formas de violência sexual” e “tomada de reféns como crime de guerra” em Israel e em Gaza.
A medida também afeta Mohamed Al Masri, mais conhecido como “al Deif”, chefe das brigadas Ezzedin al Qasam, o braço militar do Hamas, e Ismail Haniyeh, líder do gabinete político do movimento palestino.
“Afirmamos que os crimes contra a humanidade acusados eram parte de um ataque generalizado e sistemático contra a população civil de Israel por parte do Hamas e outros grupos armados para cumprir as políticas organizacionais”, destacou o procurador em um comunicado.
O Hamas condenou a decisão e criticou “as tentativas do procurador do Tribunal Penal Internacional de equiparar a vítima com o carrasco ao ditar ordens de prisão contra diversas autoridades da resistência palestina”.
Khan abriu em 2021 uma investigação sobre as ações de Israel e do Hamas, e outros grupos armados palestinos, por possíveis crimes de guerra nos Territórios Palestinos.
Ele afirmou que esta investigação agora “inclui o agravamento das hostilidades e da violência desde os ataques que aconteceram em 7 de outubro de 2023”.
Ataque terrorista
A guerra entre Israel e o Hamas em Gaza eclodiu naquele dia, quando os comandos do grupo realizaram um ataque no sul de Israel, deixando mais de 1.170 mortos, a maioria civis, segundo um balanço da AFP baseado em números oficiais israelenses.
Mais de 250 pessoas foram sequestradas e 124 permanecem reféns em Gaza, das quais 37 teriam morrido, segundo o Exército.
Até o momento, 35.562 palestinos, sobretudo civis, foram mortos na ofensiva em retaliação lançada por Israel, segundo dados do Ministério da Saúde de Gaza, território governado pelo Hamas desde 2007.
*Fonte: Acrítica