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26/02/2025
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Documentário mostra o contexto dos brutais assassinatos de Bruno e Dom no Vale do Javari

A produção audiovisual representa o Brasil como um dos 15 finalistas do Prêmio Gabo 2024, no 12º Festival Gabo, na Colômbia.

Foto: Lucas Vasconcelos

Há dois anos, o indigenista brasileiro Bruno Pereira e o jornalista inglês Dom Phillips foram encontrados mortos e esquartejados em uma área isolada da Terra Indígena no Vale do Javari, localizada nos municípios de Atalaia do Norte e Guajará, no oeste do estado do Amazonas. Embora os autores do assassinato brutal estejam cumprindo pena pelo crime, os povos isolados que vivem na região ainda temem pela insegurança, ameaças e falta de monitoramento de órgãos protetores.

É esse o cenário que o documentário “Vale dos Isolados – O Assassinato de Bruno e Dom”, dirigido pelos jornalistas Sônia Bridi e Paulo Zero, busca mostrar para o espectador. A produção audiovisual representa o Brasil como um dos 15 finalistas do Prêmio Gabo 2024, no 12º Festival Gabo, na Colômbia.

Expedição pela procura dos desaparecidos ainda localizou a CNH de Bruno Pereira jogado na floresta (Foto: Divulgação)

Após a exibição do documentário na Cinemateca de Bogotá, capital da Colômbia, a reportagem participou de uma roda de conversa com os jornalistas, que explicaram como foi o processo de produção, as filmagens, a montagem e a finalização do documentário.

Cenas Impactantes

Logo nos primeiros trinta minutos do documentário é possível ver cenas de Bruno Pereira e Dom Phillips ainda vivos, durante expedições com povos isolados da Amazônia. Sônia Bridi destacou que a produção do documentário começou poucas semanas depois dos corpos de Bruno e Dom terem sido encontrados.

O documentário mostra inclusive uma cena impactante: o momento em que os integrantes da Vigilância Indígena da União dos Povos Indígenas do Vale do Javari (Univaja) encontram os documentos de identificação de Bruno e Dom e o telefone celular utilizado na comunicação com as lideranças indígenas.

“Começamos a produzir algumas semanas depois que os corpos foram encontrados. Fizemos contato com Beto Marubo, uma liderança indígena da região, e com Orlando Possuelo [indigenista da Univaja]. destacou a jornalista Sônia Bridi, co-diretora do documentário.

Ela acrescentou que eles aceitaram e entenderam que era uma forma de manter a visibilidade deste crime tão terrível. “Orlando nos disse que eles queriam fazer essa busca, mas não tinham um detector de metais. Levamos e doamos um detector à Univaja. Quando estavam prontos para fazer a expedição, fomos juntos. Nossa participação foi de observação. Queríamos buscar, mas não queríamos intervir”, disse.

Bridi ressalta ainda que conheceu Bruno e Dom antes do assassinato e que já tinha em planejamento um documentário sobre o Vale do Javari, mas com outro enfoque.

“Para nós foi um momento de muita emoção, porque eu conhecia Bruno por telefone. Falávamos com frequência. Estávamos programando um documentário no Vale do Javari, mas com um enfoque diferente. Dom eu conheci nas redes sociais e poucos meses antes nos vimos na Amazônia e nos encontramos no avião durante uma escala de três horas no Aeroporto de Brasília. Ele me contou tudo sobre o livro e o trabalho que estava fazendo. Imaginem vocês o que é para um jornalista ver os cadernos de anotações e a carteira de imprensa dele”, relembra Bridi emocionada.
Documentário revela detalhes das investigações, inclusive, o momento que um documento de Dom Phillips é encontrado (Foto: Divulgação)

 

“Quando entrevistamos um cientista de Manaus, ele nos disse que Dom escrevia tudo nos cadernos. Quando vimos os cadernos de Dom, foi muito triste. É quando a ficha cai e a realidade te espanca. Foi um momento muito solene, um silêncio. Houve excitação ao encontrar as coisas, seguida de silêncio em que se ouvia só a floresta. Foi um contato com a morte naquele momento”, acrescentou Paulo Zero, repórter cinematográfico e co-diretor ao lado de Sônia Bridi.

Povos isolados

O documentário foi lançado um ano após o assassinato de Dom e Bruno, que ocorreu em 5 de junho de 2022. Ao longo do filme, há cenas exclusivas que mostram os últimos registros de ambos em vida. Uma última selfie de Bruno em uma lancha e uma foto de perfil de Dom ao conversar com indígenas.

É nítido que o documentário vai além das investigações policiais, as quais não interferiram na produção do filme.

“Logo depois que desapareceram, foram três dias intensos de buscas. Foram os indígenas treinados por Bruno e Orlando Possuelo que encontraram as pistas e os objetos que permitiram reunir todas as informações para chegar aos assassinos. Depois disso, as autoridades policiais disseram que não havia mandantes, mas havia, e isso foi comprovado. Só depois da repercussão do assassinato de Bruno e Dom, começaram a investigar o assassinato de Maxciel. A repercussão foi grande na imprensa, na mídia e entre as pessoas que trabalham na defesa dos povos originários e do meio ambiente”, salientou Bridi.
*Fonte: Acrítica 

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