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Despreparo favorece o recorde de queimadas

Presidente do Fórum de Secretários Municipais de Meio Ambiente aponta a precariedade do combate aos focos de incêndios.

(Foto: Agência Brasil)

O cenário crítico fez cidades da Amazônia, incluindo Manaus, ficarem imersas em fumaça pelo segundo ano consecutivo. A ‘nuvem’ chegou a se espalhar para estados do Sul e Sudeste do país. O governo do Paraná, por exemplo, fez uma publicação com orientação à população a respeito da fumaça que ficou visível no céu do estado.

O Amazonas, que ficava historicamente na quarta posição com mais queimadas, agora está no terceiro lugar do ranking nacional e em segundo na Amazônia. Em junho e julho, o estado registrou a maior quantidade de focos de incêndio já observada pelo Inpe desde o início da série histórica, em 1998. Neste mês, foram 5.824 focos até quarta-feira (21), maior que os 5.474 focos de agosto de 2023.

 Falta de preparo

 Presidente do Fórum de Secretários Municipais de Meio Ambiente do Amazonas, Jane Crespo afirma que a população sofre novamente por falta de preparo dos governos. Ela é titular da pasta do meio ambiente em Maués, a 257 quilômetros de Manaus, que está entre os que registram mais queimadas no estado.

“Aqui, os incêndios ocorrem mais na terra indígena e no entorno das estradas federais. Não foi feito um trabalho do governo federal com as pessoas dessas áreas. Nem os indígenas e nem os moradores de unidades de conservação foram sensibilizados. Estamos vendo muito fogo e mesmo com a atuação do Ibama, não está surtindo resultado”, comenta.

O Fórum de Secretários também cobra a contratação, pelo governo do Amazonas, dos 153 brigadistas formados pelo Corpo de Bombeiros em junho. Na semana passada, o governador Wilson Lima (União) anunciou a chamada de 85 deles.

“Maués ficou de fora. Só foram contratados brigadistas para quatro municípios e nem assim resolveu. De novo, o governo do Amazonas não se preparou mesmo com tudo o que foi anunciado. Estávamos contando com essa programação, com esse planejamento, e agora os municípios já estão sentindo na pele o problema”, afirma.

Mudança climática

 Em entrevista coletiva na quarta-feira, após reunião com governadores da Amazônia Legal, o governo Lula associou o aumento das queimadas à mudança climática. A posição foi informada pelo secretário extraordinário de Controle do Desmatamento e Ordenamento Ambiental do Ministério do Meio Ambiente, André Lima.

“Os focos de calor estão muito diluídos e não é só no Brasil, mas na Amazônia colombiana e peruana. Gostei de uma frase de um dos governadores durante a reunião. Ele disse que a prática [do fogo] não mudou, o que mudou foi a mudança do clima. A mesma prática de muitos anos, agora, nessa situação, causa um impacto muito maior”, avaliou.

O estudo ‘States of Wildfires 2023-2024’, publicado nesta semana na revista Earth System Science Data (ESSD), apontou que a emergência climática elevou em até 20 vezes a probabilidade das condições climáticas que intensificaram os incêndios na Amazônia Ocidental entre março de 2023 e fevereiro de 2024.

Trabalho tem que ser permanente

 Na quarta-feira, o governador Wilson Lima esteve em Brasília para participar da reunião sobre as queimadas. “Poucas vezes tivemos uma integração e uma reunião como essa para colocar todo mundo na mesma página. Isso não pode só acontecer nesse momento que a Amazônia está pegando fogo, tem que ser permanente e o ano todo, porque ano que vem teremos que enfrentar o mesmo problema, como mobilizar equipes e aeronaves para combater os incêndios. Precisamos ter um trabalho permanente de montar essas estruturas e preparar as cidades”, afirmou Lima, em release divulgado à imprensa.

Segundo o Corpo de Bombeiros do Amazonas, desde o mês de junho, já foram mais de 7.600 mil focos de incêndios combatidos por meio da Operação Aceiro 2024, sendo a maioria deles nos municípios que integram a região sul do estado, também conhecida como “Arco do Fogo”.

Já o Ministério do Meio Ambiente diz que o governo federal atua com mais de 1,4 mil brigadistas na Amazônia Legal. A prioridade tem sido as áreas federais, como assentamentos, terras indígenas e unidades de conservação.

A reportagem procurou a Secretaria de Meio Ambiente do Amazonas e o titular da pasta, Eduardo Taveira, mas não houve retorno até o fechamento desta matéria.

*Fonte: Acritica

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