Em entrevista, o ex-governador do Amazonas, José Melo, emitiu um alerta preocupante sobre a influência crescente da China na América do Sul e os possíveis impactos negativos para a Zona Franca de Manaus (ZFM). Segundo Melo, a disputa global entre Estados Unidos e China pelo protagonismo econômico pode trazer graves consequências para a região amazônica.
“Tem uma coisa que está acontecendo que as pessoas precisam perceber. Essa ‘guerra’ entre Estados Unidos e China para ocupar o primeiro lugar no mundo pode ter consequências muito graves para o Amazonas”, afirmou o ex-governador. Ele destacou o avanço estratégico da China na América do Sul, em especial no Peru, onde o país asiático está construindo, em parceria com o governo local, o Porto de Chancay, o maior da América Latina.
Localizado em Lima, o Porto de Chancay promete se tornar um importante elo entre o Brasil e o Oceano Pacífico, potencializando as exportações brasileiras. No entanto, Melo alerta que o projeto também pode representar uma ameaça à competitividade da ZFM. “Você imagina se a China resolver produzir de forma mais barata no Peru ou em qualquer outro lugar e vender para o mercado interno brasileiro. Aí a Zona Franca de Manaus deixa de ser competitiva”, explicou.
Outro ponto de preocupação é o domínio chinês sobre recursos minerais no Amazonas. Em novembro de 2024, a China Nonferrous Trade (CNT) adquiriu 100% das ações da mineradora Taboca, em uma transação avaliada em US$ 340 milhões. Com isso, a CNT assumiu o controle de uma mina de estanho em Presidente Figueiredo, além de explorar outros minerais estratégicos, como ouro, diamante, cassiterita, tântalo e urânio. A companhia também atua em áreas de processamento mineral e fundição.
Segundo Melo, essa expansão chinesa pode ser interpretada como um “cavalo de Troia” para a economia regional. “Será que o Porto de Chancay e o avanço da China não vão acabar prejudicando a Zona Franca de Manaus? Porque tudo que a China produz tem aqui. É preciso abrir o olho”, alertou o ex-governador.
A Zona Franca de Manaus desempenha um papel crucial na economia local, garantindo incentivos fiscais para indústrias e gerando milhares de empregos. Contudo, a dependência da competitividade tributária e a presença de mercados alternativos colocam em xeque o futuro da região diante de um cenário de intensificação da concorrência internacional.
*Fonte: AM POST