Créditos de carbono, hidrogênio verde e bioeconomia estão no centro dos debates para o plano de transição energética no Amazonas. As discussões foram iniciados no lançamento da Feira Internacional da Indústria e Transição Energética da Amazônia (FITEA 2025) na manhã desta quinta-feira (13).
A apresentação dos projetos de inovação e transição energética será feita no evento oficial da feira, que reunirá cerca de 3 mil pessoas nos dias 28 e 29 de maio deste ano, no Centro de Convenções Vasco Vasques. O presidente do Instituto Inspire Amazônia, Rubenson Chaves, afirmou que esses debates são essenciais para o controle das mudanças climáticas.
“Nós precisamos tomar uma decisão já sobre como estamos neutralizando o carbono nas nossas casas, nas nossas indústrias, na nossa extração mineral, em toda a nossa cadeia, seja logística, seja de geração de emprego e renda. E a FITEA vai ser palco dessa discussão, com autoridades, com líderes do setor e promovendo essa integração regional de uma Amazônia internacional”, afirmou o presidente.
Inteligência Artificial
Um dos projetos para integrar o Amazonas na transição energética desenvolve projetos específicos com institutos amazonenses, focados no uso de Inteligência Artificial (IA). A presidente da Associação do Polo Digital de Manaus, Vânia Thaumaturgo, informou que são realizados cursos e capacitações com uso de IA para desenvolver novos projetos, produtos e serviços na direção da transição energética.
“Hoje nós temos cerca de 70 institutos aqui na nossa região, eles desenvolveram essa competência de Inteligência Artificial. Nós temos também hoje muitos cursos de formação e capacitação nas universidades, tanto na UFAM quanto na UEA, no IFAM, também de inteligência artificial”, disse.
Quanto à desigualdade tecnológica e como chegar no interior do estado, o presidente Rubenson Chaves destacou que esses projetos são essenciais para monitorar a dimensão territorial do estado.
“Pela vastidão territorial que nós temos na Amazônia, a utilização da inteligência artificial para como tratar essa terra, como fazer o sistema agroflorestal, como fazer essa neutralidade de carbono, o uso da inteligência artificial será crucial. Tendo essas tecnologias junto aos institutos de ciência e tecnologia da nossa região, não só se aplica um benefício econômico, mas também um benefício de transformação e que efetivamente impactam na neutralidade do carbono. Então, é uma aplicabilidade aí de tudo que já foi investido aqui também na nossa região”, explicou.
Gás Natural
Além do controle de carbono, o secretário de estado de Energia Mineração e Gás (Semig), Ronney Peixoto, destacou que o gás natural será uma das formas de produzir energia mais limpa.
“O Amazonas tem grandes desafios na parte da transição energética, mas também tem soluções que ajudam o país. Por exemplo, a construção de uma termelétrica que vai gerar a gás, que vai gerar um giga de energia para o país, beneficiando mais de 3 milhões de residências. E esse é o gás do Amazonas, que é o combustível da transição energética”, afirmou Peixoto.
O secretário explicou que essa forma de energia mais limpa já vem sendo aplicada em outros estados graças ao gás natural do Amazonas. Ele ressaltou que o estado será um dos destaques nos debates da COP 30, em Belém. Apesar de ainda não ter plano de transição energética, o secretário disse que está sendo construído.
“Nós estamos fazendo ainda esse ano, a construção de um Plano Estadual de Transição Energética, olhando aí para uma visão de futuro e a contribuição que a Amazônia e o Amazonas dá para todo o país. O gás, a energia do estado de Roraima, é todo do gás do Amazonas abastecendo e que reduziu sensivelmente a questão das emissões de carbono naquele estado”, informou.
A preparação do plano de transição energética está em fase de audiências públicas na capital. Posteriormente, também serão feitas no interior do estado.
Questionado sobre os planos e investimentos do Amazonas para 2025, Ronney Peixoto disse que um dos importantes passos para o estado foi a troca do grupo peruano que comandava a Mineração Taboca para um grupo chinês.
“Ali a gente tem minerais críticos para a transição energética. Nós temos ali terras raras que poderão ser exploradas já, fruto disso aí, que vão servir para a produção de baterias nesse processo muito forte de transição energética. Nós temos investimento de empresas que buscam o Amazonas por conta dos incentivos fiscais para produzir baterias para carros elétricos, de uma forma que nós temos, assim, atraído muitos investimentos e o Amazonas sempre será assim”.
Hidrogênio Verde
O representante da Superintendência de Projetos da Suframa, Fábio Lima, explicou que existem inúmeras classificações de hidrogênio e que uma delas é o hidrogênio verde, produzido por energia solar ou eólica para evitar a emissão de carbono.
“Nós não temos a força do vento, mas temos muita irradiação solar. Então, se temos irradiação solar, podemos fazer várias usinas solares para gerar esse hidrogênio, sendo caracterizado como hidrogênio verde”, disse.
A partir desse tipo de hidrogênio é possível produzir em amônia e fertilizantes mais sustentáveis. Lima também destacou o empenho das empresas do Polo Industrial de Manaus (PIM) com a transição energética e produções mais sustentáveis.
“As empresas do polo industrial, elas já, a maioria delas, quase 50%, elas já têm, a maioria delas já têm iniciativas de ESG (Ambiental, Social e Governança). A maioria delas já têm mercado livre de energia, que são produtores independentes, que produzem energia com baixo carbono”.
Entre as iniciativas desenvolvidas no PIM tem empresas com energia solar própria para os processos produtivos e outras com energia eólica em outros lugares, como no nordeste do país. Além de estarem fazendo adesão em processos de descarbonização. Fábio Lima informou que a Suframa tem instruído a indústria a participar da transição energética.
“A Suframa está fomentando as discussões técnicas. Principalmente com Ministério de Desenvolvimento e Indústria e Comércio Exterior, que fica em Brasília. A gente tenta, por meio de políticas públicas, implementar essas medidas de energias renováveis dentro da indústria. Para melhorar os processos e melhorar custos e melhorar também o produto final. Esse produto final já sai com características de energia verde e podemos colocar um selo nele, para diversificar e vender ele em um valor mais agregado”.
*Fonte: Acrítica