Tenho estado muito reflexiva e apreensiva nos últimos quatro anos. Desde que concluí o mestrado em Sustentabilidade na Gestão Ambiental, tenho me questionado sobre que tipo de mundo minhas filhas irão encontrar daqui em diante. Calor extremo, chuvas torrenciais, seca persistente, inundações, mudança de sazonalidade da natureza; são prenúncios de um planeta que está se encaminhando para o colapso social e ambiental.
Tais preocupações climáticas e planetárias não são apenas dos especialistas em meio ambiente. Muitos de nós, em alguma proporção, estamos realmente preocupados com o futuro da Terra e das próximas gerações. Essa angústia coletiva, nos últimos meses, ganhou um nome: “ansiedade climática”. Trata-se de uma reação emocional compreensível diante da crise climática atual, caracterizada por eventos extremos cada vez mais frequentes.
Essa ansiedade é desencadeada por eventos climáticos cada vez mais frequentes, relatórios científicos que evidenciam o aquecimento global, ações governamentais consideradas insuficientes para combater a crise e a desinformação que dificulta a compreensão da real situação.
Os sintomas da ansiedade climática podem se manifestar de diversas formas, como preocupação excessiva com o futuro do planeta, medo dos impactos da crise, tristeza e desesperança, raiva pela falta de ação, insônia, fadiga, irritabilidade, problemas de concentração e até mesmo somatização, com dores de cabeça e problemas digestivos.
Jovens, moradores de áreas vulneráveis e ativistas ambientais são os grupos mais afetados por essa ansiedade, devido à maior exposição aos impactos da crise, à vivência de eventos climáticos extremos e à maior conscientização sobre a gravidade da situação.
Diante da ansiedade climática, é fundamental buscar formas de lidar com essa emoção. Ações individuais, como adotar práticas sustentáveis no dia a dia, engajamento político para pressionar por soluções, ativismo em movimentos em defesa do meio ambiente, busca por informações em fontes seguras para se manter atualizado sobre a crise, conscientização de outras pessoas sobre o tema e, se necessário, apoio psicológico profissional são medidas importantes para enfrentar a ansiedade e transformar o medo em ação e esperança por um futuro mais sustentável.
As ações individuais nos ajudam a lidar com a ansiedade. No entanto, ainda são muito pequenas na resolução do problema quando comparadas às medidas necessárias para frear as mudanças climáticas. A redução do uso de combustíveis fósseis é um passo crucial para mitigar as mudanças climáticas e seus impactos. Além disso, os sistemas alimentares baseados na agropecuária convencional também impactam severamente o clima.
E você, sofre com ansiedade climática?
Texto escrito por Marilua Feitoza, jornalista, escritora e mestre em Sustentabilidade na Gestão Ambiental pela UFScar, campus Sorocaba – SP.