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Fim da Escala 6×1: Pauderney propõe teto de 40 horas de trabalho

Projeto se soma a outras iniciativas que defendem redução da jornada de trabalho do brasileiro.

Foto: Divulgação

Na esteira do debate sobre o fim da escala 6×1 – que ganhou nova tração graças à deputada Erika Hilton (PSOL-SP) e ao vereador carioca Rick Azevedo (PSOL) – o deputado federal Pauderney Avelino (União-AM) apresentou o projeto de lei (PL) 824/2025, que estabelece a jornada de trabalho semanal em cinco dias de trabalho e dois dias de folga remunerada, conhecida como escala 5×2.

O projeto foi apresentado nessa segunda-feira (10). Pauderney foi um dos deputados amazonenses que não assinou a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 8/2025, de Erika Hilton, a qual reduz a jornada de trabalho para 36 horas semanais, em uma escala de quatro dias de trabalho e três dias de folga.

Na justificativa da proposta, Pauderney afirma que a discussão tem ganhado destaque global e diversas experiências recentes ao redor do mundo “reforçam a viabilidade e os benefícios da jornada de trabalho”. O parlamentar cita uma matéria do portal Poder360, a qual lista iniciativas em países como Islândia, Suécia, Alemanha e Reino Unido, além de ações de empresas como Unilever na Austrália e Microsoft no Japão.

“Nesse sentido, a redução dos dias trabalhados de seis para cinco por semana, conforme se verifica de diversas experiências internacionais, não impactariam na produtividade. Alguns dos países citados que implementaram jornadas mais curtas e estruturadas de forma frequente obtiveram resultados positivos nos níveis de concentração e criatividade dos funcionários”, disse.

Além da diferença de escala, a proposta de Pauderney se diferencia da de Érika Hilton por ser um projeto de lei que busca alterar a Consolidação das Leis Trabalhistas (CLT), instituída pelo Decreto-Lei 5.452/1943 pelo presidente Getúlio Vargas. Já a proposta da deputada psolista busca alterar o artigo 7º da Constituição, que trata dos direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, acrescentando um novo inciso para definir a jornada de trabalho normal em 36 horas semanais.

Um projeto semelhante ao de Erika Hilton é a PEC 221/2019, do deputado Reginaldo Lopes (PT-MG). Apesar de os dois terem a premissa de instituir a escala 4×3, a proposta de Lopes prevê um período de transição de dez anos, onde a redução da jornada de trabalho ocorreria gradualmente até chegar a 36 horas semanais.

Pró, contra e cautela

Desde que o assunto ficou em alta no final de 2024, a reportagem consultou representantes trabalhistas e patronais que apresentaram visões divergentes sobre a redução da jornada de trabalho. O presidente do Sindicato dos Empregados do Comércio Hoteleiro, Bares, Restaurantes e Similares do Amazonas (SINDECHRSAM), Gerson Almeida, considerou o fim da escala 6×1 positivo e com potencial para “trazer benefício para a saúde dos trabalhadores”.

O diretor-presidente da Câmara de Dirigentes Lojistas de Manaus (CDL/Manaus), Ralph Assayag, disse que dificilmente a proposta de Hilton avançaria da forma como foi apresentado e poderia acarretar em prejuízos para as empresas.

O presidente da Federação das Indústrias do Estado do Amazonas (Fieam), Antônio Silva, afirmou que a redução da jornada deve ocorrer cedo ou tarde, mas deve vir acompanhada de contrapartidas para os empreendedores.

“É natural que todos busquemos melhorias para a saúde e o bem estar do trabalhador. A medida certamente seria benéfica sob essa ótica. Entretanto, precisamos compreender também que a maior parte dos negócios em atividade no país são de micro e pequeno porte e, para essa faixa, a mudança na jornada de trabalho significa uma redução da força de trabalho e um aumento dos custos. Esse aumento, a depender da saúde financeira da empresa, pode ser de inviável absorção”, disse.

O presidente da Central Única dos Trabalhadores (CUT) no Amazonas, Valdemir Santana, defendeu o fim da escala 6×1 e destacou que a redução é uma promessa desde os tempos da elaboração da Constituição brasileira no fim dos anos 1980.

“Hoje o Brasil trabalha 44 horas semanais. Ou ele [o trabalhador] trabalha de segunda a sábado ou de segunda a sexta. No momento que eu tiro de 44 para 36 horas, ele tira oito horas, um dia de trabalho. Em um mês são 32 horas de trabalho. Isso vai empregar mais gente para poder suprir a necessidade produtiva da fábrica. Vai crescendo o emprego, vai melhorar a saúde do trabalhador”, avaliou.
*Fonte: Acrítica

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