A Polícia Civil do Amazonas (PC-AM) investiga um possível esquema de tráfico humano para fins de adoção ilegal, após a prisão de um casal de São Paulo suspeito de comprar um recém-nascido por R$ 500 no município de Manacapuru, a 68 km de Manaus. Wesley Fabiano Lourenço e Luiz Armando dos Santos chegaram a ser presos, mas foram soltos em audiência de custódia. A criança seria levada para São Paulo.
A mãe biológica do bebê, uma mulher amazonense, afirmou à polícia que vendeu o filho para pagar uma dívida com agiota. O intermediador da negociação, José Urbelan Pinheiro de Magalhães, conhecido como “Sabão”, de 47 anos, também foi preso. Já a mãe foi indiciada e prestou depoimento.
Durante a abordagem, o veículo usado pelo casal foi encontrado ainda no pátio da maternidade, com enxoval e carrinho de bebê no porta-malas. Um dos homens chegou a se apresentar como pai da criança para tentar fazer o registro, mas uma falha no sistema impediu a formalização. O nervosismo da dupla levantou suspeitas, e eles acabaram admitindo o repasse do valor ao intermediador. Um deles é arquiteto; o outro, corretor de imóveis.
A delegada Joyce Coelho, da Delegacia Especializada de Polícia (DEP) de Manacapuru, informou que uma mulher natural do município, que vive em São Paulo, estaria aliciando casais interessados em adoções ilegais. Desde o flagrante, a polícia passou a receber novas denúncias contra o casal, inclusive de tentativas anteriores de adotar outras crianças na cidade.
Outro ponto que chamou a atenção foi o prontuário da mãe, que indica oito partos informação contestada pelo Conselho Tutelar local. Investigações também revelam várias transferências via PIX, feitas à mãe biológica por meio do intermediador.
O casal já havia tentado adotar legalmente, mas o processo foi arquivado por falta de documentação. A criança foi resgatada com segurança e está sob os cuidados do Conselho Tutelar. A investigação continua para identificar todos os envolvidos no esquema.