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Alimentação globalizada: um modelo para ser repensado para as futuras gerações

Foto: Reprodução

No artigo “Alimentação e Sustentabilidade”, foi apresentada a discussão sobre como alimentar oito bilhões de pessoas no mundo sem degradar a terra de forma irreversível, tendo em vista que o modelo convencional do agronegócio destrói os recursos naturais ao mesmo tempo que não consegue alimentar todas as pessoas.

Para Morin (2013), o problema da agricultura é de âmbito planetário, e está indissociável do problema da água, da demografia, da urbanização e das mudanças climáticas. A globalização da produção de alimentos (vegetal e animal), bem como a distribuição deles, passou a se concentrar cada vez mais nas mãos das grandes corporações, ao passo que o pequeno agricultor perdeu a relação com a terra ou enfrenta grandes dificuldades para manter suas produções agrícolas.

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O modelo agrícola de desenvolvimento, adotado a partir da Revolução Verde, por um lado, promoveu aumento na produtividade dos alimentos, expansão das fronteiras agrícolas e diminuição da penosidade do trabalho por meio da mecanização dos processos e da tecnologia (intensificação do uso de máquinas agrícolas, por exemplo). Por outro lado, resultou no estímulo à utilização de sementes híbridas, fertilizantes químicos, agrotóxicos e drogas veterinárias; uso intensivo do solo, redução da biodiversidade, êxodo rural e no aumento da concentração de terras para os mais ricos. E o pior, a fome e insegurança alimentar não foi reduzida.

O atual modelo de produção de alimentos é baseado no uso indiscriminado de agrotóxicos: nocivo e tóxico para o ser humano, para as plantas, animais domésticos e animais silvestres, além de poluir os lençóis freáticos e enfraquecer o solo. Pesquisas apontam que a manipulação de pesticidas sem a devida proteção são tóxicos de forma aguda para o humano, podendo levar a dores de cabeça, hipersecreção, náusea, diarreia e até à morte, em casos mais severos.

A intoxicação crônica pelo uso excessivo de agrotóxicos é uma preocupação crescente, pelo acúmulo de evidências científicas de que estaria associada a diferentes tipos de câncer e a efeitos crônicos no sistema nervoso central e enfermidades crônicas neurodegenerativas, incluindo doença de Parkinson.

O Instituto Nacional de Câncer (INCA), revelou preocupação, por meio do seu último relatório, com uso excessivo de agrotóxicos nas lavouras brasileiras. Segundo a instituição, o Brasil despeja mais de um milhão de toneladas de agrotóxicos nas lavouras por ano. O que daria, em média, cinco quilos de veneno agrícola por pessoa/ano.

É importante pontuar que toda a população brasileira está suscetível a exposições múltiplas a agrotóxicos, por meio de consumo de alimentos e da água contaminados. Gestantes, crianças, adolescentes são considerados um grupo de risco devido às alterações metabólicas, imunológicas ou hormonais presentes nesse ciclo de vida.

A agricultura regenerativa, por meio da agricultura orgânica, da agroecologia e da agrofloresta, são possibilidades ecológicas e viáveis para a mudança desse cenário. É sobre esse assunto que falarei no próximo artigo.

Até lá.

Marilua Feitoza, jornalista, escritora e mestre em sustentabilidade na gestão ambiental.

 

 

Esse texto foi baseado no artigo “Alimentação e Sustentabilidade”, das autoras: Helena Ribeiro, Patrícia Constante Jaime e Deisy Ventura, no site da ANVISA e do Instituto Nacional de Câncer (INCA).

 

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