Portal Castello Connection
Política

Após anos de impasse, Governo do AM envia projeto para criar sistema de combate à tortura

Projeto inicial, que não chegou a ser protocolado, data de 2020; MPF ajuizou ação para obrigar o estado a instalar mecanismo.

Foto: Agência Brasil

O Governo do Amazonas enviou à Assembleia Legislativa do Amazonas (ALE-AM) na última sexta-feira, 28 de março, o projeto de lei que institui o Sistema Estadual de Prevenção e Combate à Tortura, o qual será composto pelo Comitê Estadual de Prevenção e Combate à Tortura do Amazonas (CEPCT) e pelo Mecanismo Estadual de Prevenção e Combate à Tortura do Amazonas (MEPCT).

A proposta estava parada desde 2020 devido a discordâncias entre o governo estadual e o CEPCT sobre a criação dos cargos de perito. Enquanto o Executivo propunha cinco, o Comitê pedia sete. Na versão final do projeto, foi aceita a sugestão do grupo. O Sistema Estadual, segundo o projeto de lei 250/2025, será vinculado à Secretaria de Estado de Justiça, Direitos Humanos e Cidadania (Sejusc) com o objetivo de “erradicar e prevenir a tortura e outros tratamentos ou penas cruéis, desumanas ou degradantes”.

Acompanhe nosso 📌 Canal no WhatsApp

O projeto de lei 250/2025 considera como tortura tanto os tipos penais previstos na Lei Federal 9.455/1997 quanto a definição do artigo primeiro da Convenção contra a Tortura e Outros Tratamentos ou Penas Cruéis, Desumanos ou Degradantes, vigente desde 1991. Também fica definido o local de privação de liberdade como qualquer lugar público ou privado em que uma pessoa se encontre contra sua vontade.

A lista inclui “locais de internação de longa permanência, centros de detenção, estabelecimentos penais, hospitais psiquiátricos, casas de custódia, instituições socioeducativas para adolescentes em conflito com a lei e centros de detenção disciplinar em âmbito militar, bem como nas instalações mantidas pelos órgãos elencados no artigo 61 da Lei n.º 7.210, de 11 de julho de 1984”.

Composição 

O Comitê Estadual será composto por 17 pessoas: seis representantes de entidades da sociedade civil e um representante cada do Executivo, Judiciário, Ministério Público e Defensoria Pública do estado do Amazonas. Também farão parte um representante cada dos seguintes conselhos estaduais: dos Direitos Humanos; dos Direitos da Criança e do Adolescente; da Ordem dos Advogados do Brasil no Amazonas; do Conselho Regional de Psicologia; do Conselho Regional de Assistência Social; e do Conselho Regional de Medicina.

“A eleição das entidades da sociedade civil e dos conselhos de classe profissionais, elegíveis para participar do Comitê Estadual de Prevenção e Combate à Tortura do Amazonas, será realizada em reunião aberta ao público, especialmente convocada para tal fim, mediante edital, pelo presidente do Comitê Estadual de Prevenção e Combate à Tortura do Amazonas, que coordenará o processo de eleição dos indicados, pelo voto da maioria dos presentes”, diz a proposta.

O Comitê será responsável por acompanhar a atuação do Mecanismo Estadual de Prevenção e Combate à Tortura do Amazonas, avaliar seu desempenho e colaborar para o aprimoramento de suas funções, além de apoiá-lo com dados e informações e coordenar o processo de seleção de seus membros.

O Mecanismo Estadual será composto por sete peritos com atuação e experiência na defesa, garantia ou promoção dos direitos humanos e no enfrentamento do combate à tortura. Os membros deverão ser nomeados pelo governador do Amazonas. Entre as competências, o mecanismo realizará visitas periódicas a pessoas privadas de liberdade para “verificar as condições de fato e de direito a que se encontram submetidas”.

Cobrança

 No mês passado, o Ministério Público Federal (MPF) oficiou a Sejusc para que apresentasse o cronograma de implementação do Mecanismo Estadual de Combate à Tortura. O pedido foi feito após decisão do Supremo Tribunal Federal (STF), que prorrogou o prazo para a instalação do mecanismo e fixou um limite de 120 dias, contados a partir de 1º de fevereiro de 2025.

A medida faz parte do acompanhamento das ações que o MPF vem realizando para implementar o Sistema Estadual de Prevenção à Tortura, conforme previsto na Lei nº 12.847/2013. As cobranças judiciais do Ministério Público Federal ao governo do Amazonas se estendem desde 2023, quando procurou a Justiça Federal para garantir a criação do MEPCT.

O projeto de lei se encontra no prazo regimental de tramitação e deve entrar na pauta da Assembleia Legislativa nos próximos dias.

*Fonte: Acrítica

Relacionados

Reforma, segurança e orçamento: os temas que vão agitar o Congresso em novembro

Brasil 61

Roberto Cidade destaca apoio a políticas de dignidade menstrual

Thayná Sousa

Comissão da Câmara aprova regra para manter ex-cônjuge em plano de saúde após divórcio

Redação

Este site usa cookies para melhorar sua experiência. Entendemos que você está de acordo com isso, mas você pode cancelar, se desejar. Aceitar Leia mais