Com o avanço da enchente, o Governador do Amazonas, Wilson Lima (União), anunciou o envio de 160 toneladas de alimentos e água à região Sul do Amazonas. Até o momento, oito municípios estão em situação de emergência e a projeção é que 23 mil famílias sejam afetadas pela cheia, totalizando 92 mil pessoas em todo o estado.
Conforme divulgado, os municípios mais afetados são Manicoré, Apuí, Guajará, Boca do Acre, Humaitá e outros também da região Sul do estado. Questionado se terão medidas fixas a essas cidades, que são fortemente atingidas pela seca e cheia, o governador explicou que o Estado já monitora e cria previsões antecipadas para os dois períodos, mas que de imediato enviará insumos.
“Amanhã a gente vai enviar a primeira ajuda humanitária para o interior do estado, vamos enviar para Humaitá, Manicoré e Apuí. São 160 toneladas de alimentos, 600 caixas d’água de 500 litros, mais de 26 mil copos d’água e também kits de purificadores água boa, são aquelas estruturas em que a gente capta a água do rio, de uma cacimba, de um poço e em pouco tempo a água está pura e própria para o consumo”, disse.
Lima informou que a cheia está prevista dentro da normalidade, mas que o estado já planeja ações aos demais municípios.
“Hoje as nove calhas estão em processo de cheia, ou seja, todas as calhas. Essa é a situação dos municípios do estado. Hoje nós temos oito municípios em situação de emergência, 18 em alerta, 24 em atenção e 12 em situação de normalidade e por isso estamos planejando algumas medidas para esse período de cheia”, explicou o governador.
Entre as medidas anunciadas, estão: ampliação das estações fluviométricas de 10 para 50 unidades; distribuição de água potável; criação do fundo de reserva para apoio financeiro emergencial; capacitação dos coordenadores municipais; centro de monitoramento e alerta em tempo real e utilização dos aplicativos do Governo e Defesa Civil para repassar as informações em tempo real.
Além disso, o Governo disponibilizará serviços com a Agência de Fomento do Estado do Amazonas (Afeam), renegociação de dívidas, doação de copos de água e outras ações. Wilson Lima ressaltou que os serviços de saúde são prioridade, para evitar que doenças.
“A gente também tem ações muito significativas da área de saúde que começou a fazer a distribuição do kit calamidade, que inclui 100 itens: inclui medicamentos e insumos. A nossa preocupação maior nesse momento é com relação àquelas doenças que são muito próprias desse período de cheia, sobretudo nas crianças, como: diarreia, vômito, hepatite, leptospirose. Por isso, tanto a nossa Secretaria de Saúde quanto a Fundação de Vigilância de Saúde estão muito atentas a essas questões e já estão abastecendo as unidades hospitalares para que possam dar apoio às famílias”, destacou o governador.
Lima também informou que além dos medicamentos, a Secretaria de Saúde levará o barco hospital aos municípios que têm maior dificuldade no período de cheia, como Anamã (a 165 quilômetros de Manaus), que fica todo submerso.
Produtores rurais e psicultores
Devido às dificuldades do setor primário em manter sua plantação com a subida dos rios, o governador aciona o Programa de Aquisição de Alimentos (PAA) para adquirir os produtos dessas famílias afetadas, sem que percam sua safra.
“Nós lançamos o nosso PAA no valor de 5 milhões de reais e que vai ser importante para essas famílias, para esses produtores que estão nessa situação terem o seu produto comprado pelo Governo do Estado, através do recurso do Governo Federal (que é o PAA). Além de outras ações que o estado vai implementar é a compra de alimentos direto da agricultura familiar. São 5 milhões de reais como eu falei, para contemplar mais de 3 mil produtores rurais”, informou.
Quanto aos psicultores, o governador disse que as compras de peixes já se iniciaram e que terão suporte do Estado.
“Com relação à piscicultura, só nessa última semana, nós compramos 305 toneladas de peixes. E além dessa compra do pescado, a gente tem ajudado os piscicultores a também montarem suas estruturas para comercialização com suporte do Estado, em que a gente faz o transporte, monta as estruturas e dá o gelo para o pescador”.
Lima destacou que os psicultores estão sendo atendidos nesta terça-feira (16) em três pontos de Manaus: na Arena Amadeu Teixeira, Centro Cultural Povos da Amazônia e Padre Pedro Vignola. “Ao longo do período do ano, teremos entrega de alevinos e subsidiando a compra de alguns implementos como aeradores”, afirmou o governador.
Medidas de antecipação da estiagem
Questionado também sobre a prevenção para a estiagem deste ano, principalmente no Sul do Amazonas, em áreas de reserva federal, Wilson Lima destacou que está mantendo diálogos com o Governo Federal para reforçar o combate aos focos de incêndio quando vier a seca.
“Eu já estive no Governo Federal apresentando o que já foi falado aqui para a imprensa e a expectativa que se tem para o ano de 2025 com relação tanto ao período de cheia quanto ao período de estiagem. Mas independente de ser queimada em área estadual ou em área federal, o Estado também está entrando nessas áreas para também combater os incêndios, porque no final das contas acaba sendo prejudicada quem está aqui no estado, independente da área ser estadual ou federal. E assim como a gente tem feito agora na enchente, nós também estamos nos antecipando com relação ao período de estiagem e preparando para combater”.
Lima informou que em maio já serão entregues 17 carros novos ao Corpo de Bombeiros e que serão enviados aos municípios mais críticos no período de seca, como Humaitá, Boca do Acre e Apuí. Além da montagem de estruturas nessa região que estão em discussão com o Governo Federal.
Sala de Monitoramento
O Governo tem adotado medidas preventivas no início do ano, reunindo especialistas, Defesa Civil, bombeiros e secretarias para planejar ações contra problemas climáticos. Entre elas estão a implantação de microsistemas de abastecimento de água, a ampliação da sala de monitoramento da Defesa Civil e a instalação de estruturas nos municípios. Também avança a captação de recursos do Fundo Amazônia para formação de brigadas na estiagem.
*Fonte: Acrítica