O secretário de Desenvolvimento, Ciência, Tecnologia e Inovação (Sedecti), Serafim Corrêa, afirmou, na manhã desta segunda-feira (14), que o aumento tarifário imposto pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, pode representar um risco para o Polo Industrial de Manaus, mas também abre uma oportunidade no mercado americano. A declaração foi feita durante a reunião do Conselho de Desenvolvimento do Estado do Amazonas (Codam).
Serafim Corrêa explicou que a indústria pode ser prejudicada caso os produtos produzidos pela China, antes enviados aos Estados Unidos, sejam colocados para o Brasil.
“Essa é a grande preocupação de todos os países que estão fora da guerra, mas que terminam sofrendo os reflexos da guerra. Óbvio que a China consegue produzir a um preço menor do que nós. E, se ela derramar esses produtos no Brasil, isso vai afetar a competitividade da nossa indústria. Mas isso é um desafio que está colocado para todos nós. O mundo é assim desde que o mundo é mundo. Você sempre é desafiado a enfrentar a competição, e é a partir da competição que você consegue equilibrar as coisas”, disse o secretário.
Questionado se essas medidas trazem algum benefício ao Polo Industrial de Manaus (PIM), o secretário afirmou que podem ganhar espaço no mercado americano durante esse período.
“Sim, porque, como a alíquota para os Estados Unidos é 125% e daqui para lá é 10%, tem 115% de diferença, 115 pontos percentuais de diferença. Então, é provável que empresas chinesas, já instaladas no Brasil ou que venham a se instalar, produzam daqui para vender para os Estados Unidos. Então, essa é uma probabilidade muito grande”, destacou.
Para o vice-governador Tadeu de Souza, que também participou da reunião do Codam, a guerra comercial entre os EUA e a China pode gerar oportunidades para o Polo Industrial de Manaus (PIM).
“A gente passa por esse processo sensível de disputa de tarifação mundial. A Zona Franca de Manaus, de repente, tem uma janela de oportunidade de ser visualizada, de ser compreendida, tanto por conta da sua posição geográfica, de ter um polo industrial muito consolidado, um chão de fábrica consolidado e com capacidade de investimento”, afirmou.
47 novos projetos
Durante a 313ª reunião ordinária, Corrêa ressaltou o bom momento que a indústria amazonense está vivendo. Na ocasião, foram aprovados 47 novos projetos industriais que somam R$ 1,4 bilhão de investimentos. As propostas têm potencial para gerar 1,6 mil postos de trabalho, dos quais 369 são referentes à mão de obra remanejada.
Os projetos estão distribuídos entre 17 iniciativas de implantação de novas linhas industriais, 28 propostas de diversificação e duas de atualização. A reunião reforça a tendência de crescimento constante do setor industrial amazonense nos últimos anos, com destaque para o aumento no número de empreendimentos voltados à inovação tecnológica e à produção sustentável.
Entre os destaques apresentados na reunião está o projeto da Bioamazonas – Indústria e Comércio de Medicamentos Fitoterápicos, que pretende investir R$ 333,7 milhões na fabricação de medicamentos de uso humano, com previsão de gerar 46 empregos diretos.
Outro destaque é o projeto da Inled Tecnologia, com aporte de R$ 283,5 milhões para a produção de placas de circuito impresso montadas, voltadas ao setor de informática. A proposta prevê a geração de 180 novos empregos.
A Reicon Condutores Elétricos investirá R$ 136 milhões na fabricação de fios de cobre trefilados e vergalhões de cobre, com 86 postos de trabalho projetados. Já a Salcomp Industrial Eletrônica da Amazônia propõe investir R$ 96,8 milhões para a produção de terminais de captura de dados utilizados em transações comerciais, com 140 novos postos de trabalho.
O vice-governador, Tadeu de Souza, ressaltou que a aprovação de novos projetos evidenciam o bom momento do PIM. “Eu penso que as reuniões do Codam são uma demonstração do termômetro de quanto o modelo da Zona Franca de Manaus é robusto, é consolidado. A gente vem numa constante, numa ascendente, batendo recordes em relação ao faturamento e empregabilidade no Caged (registro de empregos com carteira assinada)”, disse.
Tadeu de Souza destacou que esses números também são resultado da segurança dada pela Reforma Tributária, que garantiu a permanência dos incentivos fiscais ao modelo Zona Franca.
“Essa segunda reunião anual é mais uma demonstração de que são empresas com investimentos sólidos, colocando investimento no local que eles sabem que tem competitividade, tem mão de obra qualificada, tem tratamento favorecido em relação à diminuição de burocracia, facilitação por conta tanto do governo do estado quanto da prefeitura de Manaus. E penso que o volume de investimento que vem sendo feito nos últimos anos na ZFM, apesar de certas instabilidades nacionais e internacionais, a gente aqui é um porto seguro de investimento, é um porto seguro de competitividade”, disse.
Na avaliação dele, um dos desafios do modelo agora é garantir a interiorização e fortalecer o desenvolvimento dos municípios com produtos da Amazônia.
“Esse é um grande desafio. A Zona Franca de Manaus é um modelo que existe há cinco décadas, mas que acabou por concentrar a produção e a empregabilidade em Manaus. E é um novo desafio nosso, esse processo de expansão e interiorização. Essas atividades que são incentivadas dentro desse modelo têm capacidade de atrair atividades complementares que levem investimento e empregabilidade, usando insumos da floresta e capacidade de produção no interior do estado. Um exemplo é que temos agora uma empresa de fármacos que está trabalhando bionegócio”.