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Marcos De Bona

Milton Bituca Nascimento – A grandiosidade da obra de Milton Nascimento em um doc com altos e baixos

Foto: Reprodução

Documentário

Roteiro: Marcelo Ferla e Flavia Moraes
Direção: Flavia Moraes
Com Milton Nascimento, Caetano Veloso, Herbie Hancock, Sérgio Mendes, Steve Jordan
Brasil, 2024
(estreia nos cinemas em 20/03/2025)

O próprio Milton Nascimento e um grande número de músicos brasileiros e estrangeiros contam a história de um dos maiores nomes da música brasileira durante a sua última turnê.

Em 2022, despedia-se dos palcos uma lenda viva da música brasileira. Em 14 de novembro, Bituca (seu apelido carinhoso) subia num palco pela última vez. O show aconteceu no estádio do Mineirão, em Belo Horizonte, capital do estado que acolheu o cantor carioca que se mudou para Minas Gerais ainda com 3 anos de idade.

Um artista do porte de Milton Nascimento merecia um filme grandioso. O documentário é tecnicamente perfeito, a fotografia é primorosa a montagem é eficiente e criativa. O filme consegue nos emocionar em alguns momentos, principalmente quando mostra sua estrela no seu habitat natural, em cima de um palco. Saímos do cinema com vontade de ouvir mais músicas do Bituca. Mas fica também uma sensação de “poderia ser melhor”.

A lista de artistas que presta depoimentos tentando verbalizar a grandiosidade da obra de Milton é quilométrica. E conta até com “não músicos”, como o renomado diretor de cinema Spike Lee e a dupla de artistas plásticos “Os Gêmeos”, que concebeu o cenário da turnê. Dentre outros entrevistados, destacam-se os brasileiros: Sérgio Mendes, Chico Buarque, Gilberto Gil, Ivan Lins, Maria Gadú, Mano Brown, Djavan, Criolo, Simone, Beto Guedes e Lô Borges (senti falta de Samuel Rosa, vocalista do Skank); e os estrangeiros: Steve Jordan, Stanley Clarke, Mario Caldato Jr., Pat Metheny, Quincy Jones, Carrinho (cantora portuguesa), Herbie Hancock, Paul Simon e o argentino Fito Páez.

Realmente é uma lista de respeito, mas justamente aí reside um dos problemas do doc. Obviamente, todo mundo elogia horrores a obra de Milton Nascimento, o que torna o filme cansativo e repetitivo. A ideia de colocar a voz de Fernanda Montenegro para narrar um texto um tanto poético, descrevendo as qualidades de Milton como artista e como pessoa, parece muito boa, reforçando a ideia de louvar o artista como um dos melhores músicos do mundo (o que ele é, de fato). Porém torna o filme ainda mais cansativo e repetitivo. Escrevo isso com dor no coração, pois também sou muito fã de Fernanda Montenegro e tenho toda a consciência de sua importância para a cultura brasileira. Fernandona é, sem dúvida, a maior atriz do Brasil.

Porém o filme agrada e encanta quando conta partes da história de Milton Nascimento, pincelando sua infância e juventude, abordando as dificuldades causadas pelo racismo e sua trajetória de sucesso, que lhe proporcionou reconhecimento nacional e internacional.

E é claro que se destacam os momentos que mostram Bituca, sentado em uma cadeira, em cima do palco, cantando lindamente e acompanhado por uma banda que beira a perfeição. Pena que esses trechos são encurtados e interrompidos pela narração e por mais depoimentos absolutamente elogiosos (como não poderia deixar de ser).

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