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26/02/2025
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Os Fantasmas Ainda se Divertem: Tim Burton se diverte voltando ao universo que o lançou como Cineasta

Foto: Divulgação

Beetlejuice Beetlejuice
Comédia / Terror

Roteiro: Alfred Gough e Miles Millar.
Direção: Tim Burton.
Com Winona Ryder , Michael Keaton e Jenna Ortega.
EUA, 2024
(estreia nos cinemas em 05/07/2024)

36 anos depois Lydia tem que lidar com a morte do pai, com um namorado pentelho, com a filha rebelde, com a madrasta maluca e com o Beetlejuice, que por si só já é um problema bem grande.

*Esse texto não contém spoiler. Para análise completa com spoilers assista ao vídeo acima.

A sequência de Os Fantasmas se Divertem (Beetlejuice), filme de 1988, ao não ter medo de abusar do exagero e do absurdo, revela-se um filme bastante divertido. Essas características são validadas e amenizadas pela estética caprichada e colorida, característica mais marcante do diretor Tim Burton. E isso consegue compensar o roteiro confuso e o excesso de personagens.

Não é preciso ter visto o filme de 1988 para entender o de 2024, mas é claro que as referências se fazem presentes. Começando pela abertura em que a câmera sobrevoa a maquete da cidade de Winter River. Maquete que aparece outras vezes no novo longa, chegando a mostrar o galpão onde aconteceu o acidente do primeiro filme, incluindo o carro dentro da água, um bom easter egg para fãs mais atentos. Também temos toda a caracterização do “outro lado” para onde as pessoas vão quando morrem. Continuam lá as referências a O Gabinete do Doutor Caligari, filme de 1920, grande exemplo do expressionismo alemão. E por fim a música Banana Boat, momento icônico do primeiro filme.

*PRIMEIRO ATO

Muitos personagens são apresentados. Mas a protagonista continua sendo a Lydia, (Winona Rider). Ela apresenta um programa de TV sensacionalista onde usa seus poderes mediúnicos. Rory (Justin Theroux), é o produtor do programa e seu namorado, o que deveria torná-lo seu aliado, mas desde o começo a gente já percebe que não é bem assim. Também aparece sua madrasta Deelia (Catherine O’Hara), presente no primeiro filme. E Astrid, sua filha, que está de luto pela morte do pai e revoltada com a mãe, por isso funciona como antagonista. Mas tanto a Astrid quanto a Lydia vão passar um arco de amadurecimento. Esses são os personagens do mundo dos vivos.

Já no mundo dos mortos, o protagonista é o Beetlejuice (Michael Keaton). E sua antagonista é Delores (Mônica Bellucci), sua ex-mulher que quer se casar com ele outra vez. Se Delores é um personagem um tanto desnecessário, mais ainda é Wolf Jackson (Willem Dafoe), um ator canastrão que “funciona” como policial.

*INCIDENTE INCITANTE

O grande evento que desencadeia tudo é a morte do Charles, pai da Lydia, que aparece apenas no primeiro filme. Mas o Incidente incitante desencadeia outros eventos. Para dar conta das muitas tramas secundárias do roteiro.

Rory pede Lydia em casamento. Então uma parte do filme vai ser sobre os preparativos da festa. Por isso a Astrid se revolta, foge de casa e encontra Jeremy, um rapaz que aparenta ser a única pessoa sã com quem ela convive. E a trama deste casal se impõe à de Rory.

No mundo dos mortos Beetlejuice vê na morte de Charles a chance de voltar ao convívio de Lydia e se casar com ela, ao mesmo tempo precisa fugir de Delores que quer se casar com ele. O casamento torna-se uma temática recorrente no filme.

*SEGUNDO ATO

Astrid descobre a maquete no sótão (que aparecia no primeiro filme) e acha um panfleto de Beetlejuice. Uma aproximação se desenha quando Lydia entra no sótão. Mas vai por água abaixo quando Astrid pronuncia o nome de Beetlejuice, para desespero de sua mãe.

Aqui o roteiro força a barra: Lydia quer ir embora da cidade de qualquer jeito, portanto cancela o casamento. Mas a Astrid quer ficar para passar o Halloween com Jeremy. Então elas ficam e vai ter casamento.

O filme só vai fazer sentido se Lydia e Beetlejuice se reencontrarem, e os roteiristas conseguem uma boa solução para isso. Quem invoca Beetlejuice involuntariamente é Rory, justificando seu ato com umas bobagens que ele fala para a Lydia.

A partir daqui o roteiro se apressa para dar conta de todas as tramas, deixando de dar a devida atenção aos conflitos internos e externos dos personagens. Há um bom momento em que Lydia ganha uma missão, um objetivo que vai fazer com que o público torça por ela, mas a resolução não é tão difícil quanto esperávamos.

*CLIMAX

O clímax se apressa novamente em resolver as pendências do roteiro e encerra com um engraçadíssimo musical. E isso resume bem Os Fantasmas Ainda se Divertem, um roteiro apressado, que apresenta mais questões do que consegue resolver. Porém um filme muito divertido e com um belíssimo design de produção.

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