Drama
Roteiro: Clint Bentley e Greg Kwedar
Direção: Greg Kwedar
Com Colman Domingo, Clarence Maclin, Sean San Jose, David Giraudy, Patrick Griffin, Mosi Eagle, James Williams, Sean Dino Johnson, Cecily Lynn, Dario Peña, Miguel Valentin, Jon-Adrian Velazquez, Pedro Cotto, Camillo Lovacco, Cornell Alston.
EUA, 2023
Vídeo:
Não, não é um musical. Sing Sing é o nome de uma prisão em Nova Yorque onde nasceu um grupo de teatro. O projeto ganha as telas com atores do grupo original interpretando a si mesmos.
Chega às telas nesta quinta-feira, 13/02, este belo filme, baseado em uma história real, que possui um charme bastante peculiar acerca de seu elenco e possui 3 indicações ao Oscar: Melhor Ator para Colman Domingo, Roteiro Adaptado e Canção Original.
Colman Domingo é John Divine Whitfield, que está preso por um crime que não cometera. Teríamos aí uma boa premissa para um filme. O esforço de um homem para provar sua inocência, suas angústias vividas dentro da prisão. Uma amizade inusitada, que faz com que o protagonista ajude um colega em uma situação semelhante. Tudo isso está no filme, porém não é o seu grande foco. E por isso Sing Sing não é apenas mais um filme/série de cadeia.
Em 1996, foi fundado o programa Rehabilitation Through the Arts (Reabilitação Através da Arte). Que consistia na realização de Workshops de teatro para os detentos. Dessa forma os presos encenaram inúmeras peças. A participação no programa levou a uma melhoria significativa no comportamento dos detentos e diminuiu os índices de reincidência.
Passados mais de 15 anos, vários desses atores, agora ex-detentos, se reúnem para contar essa história nas telas do cinema. Olhando os créditos o que mais se vê é a expressão “as himself” (como ele mesmo). Do elenco principal, apenas Colman Domingo e Paul Raci, que faz o papel de Brent Buell, diretor e dramaturgo do grupo, são atores experientes. O próprio John Divine Whitfield faz uma pequena participação como “O Fã de Livros” um preso que adora ler e pede para o protagonista (inspirado no próprio Whitfield) autografar um livro que havia escrito.
Portanto o roteiro nos leva por duas tramas paralelas, dando menos atenção às dificuldades de John em provar sua inocência do que ao grupo de teatro fundado por ele. Nem por isso o filme esquece que estão todos na condição de presos. Os atores levam para os ensaios e para o palco, para o bem e para o mal, a bagagem adquirida nas ruas e na própria prisão.
PRIMEIRO ATO
O filme abre com a apresentação de uma peça pelos detentos. De trás do palco, vemos a plateia formada por presos, funcionários do presídio e membros da comunidade aplaudindo John Divine Whitfield (protagonista do filme), que acabara de fazer um monólogo encerrando a peça.
Pouco depois, cinco presos (os que dirigem o grupo) analisam a lista de espera de outros detentos que desejam entrar para o projeto. A escolha recai sobre Clarence Maclin (como ele mesmo), um traficante de drogas esperto e cheio de malícia. Que usa de seu “talento teatral” (uso aspas aqui porque ele ainda não estava no grupo de teatro) para intimidar um cliente que lhe deve dinheiro. Clarence é um personagem camaleão, funcionando algumas vezes como antagonista e outras como aliado de John.
INCIDENTE INCITANTE
A reunião seguinte é para decidir o próximo espetáculo a ser encenado. Depois de várias ideias, tudo indica que será escolhida uma peça escrita pelo próprio John. Porém o novato do grupo, cheio de personalidade, sugere uma comédia aprovada pelos demais. Aqui começa o embate entre John e Clarence. Por mais que seja velada, pois John evita o conflito à todo custo, a dinâmica de tensão e amizade estabelecida entre os dois personagens carrega o filme. O embate prossegue com Clarence “roubando” de John o único papel dramático da peça.
O roteiro se permite a liberdade de deixar um pouco de lado algumas convenções narrativas. Se há um incidente incitante, é sutil e muito pessoal, diz respeito somente ao protagonista. Não é algo como: o futuro do grupo de teatro está ameaçado. O segundo ato consistirá principalmente nos ensaios e na preparação da peça. O que aconteceria independente de Clarence sugerir uma comédia e “roubar” o papel de John (incidente incitante do roteiro). Aliás, a justificativa de Clarence para pleitear o papel também desejado por John é hilária!
SEGUNDO ATO
Agora o filme passa a exalar sensibilidade e a mostrar o poder do teatro. Por mais que o arco de Clarence seja previsível, é bonito de ver o detento evoluindo como ator em meio aos exercícios propostos pelo diretor, expondo gradativamente sua vulnerabilidade, algo fundamental no ofício da atuação. E para isso ele conta com a ajuda dos demais presos, principalmente John.
Outra característica do filme chama atenção. Além de Clarence, nenhum outro detento tem mencionado o motivo que o levou à cadeia. Não importa se são assassinos, ladrões, traficantes, o foco não é esse. O roteiro não julga àqueles personagens, mas também não é condescendente, não se trata de uma redenção. O filme demonstra que é possível reintegrar um criminoso à sociedade, lembro mais uma vez que o roteiro é baseado em histórias reais.
No segundo ato também se resolvem as questões envolvendo as solturas de Clarence e John. O que mexe significativamente com o comportamento de ambos, causando ainda mais conflitos que afetarão os preparativos para a peça.
Alguns podem enxergar a falta de conflitos mais exacerbados como um problema. Mas percebemos que é uma opção consciente dos roteiristas Clint Bentley e Greg Kwedar. O filme, de caráter episódico, consegue um bom equilíbrio na alternância entre situações vividas dentro e fora do grupo de teatro, sempre dentro da cadeia. Aos poucos os personagens, reais e fictícios, vão se desenvolvendo e nos conquistando em um filme bastante agradável de se ver, mas que não deixa de fazer boas reflexões. Sobre o papel da arte em nossas vidas, a ajuda do teatro na reabilitação dos presos e o comportamento humano.
0:18 – Roteiro: Clint Bentley e Greg Kwedar
– Direção: Greg Kwedar
0:26 – Estatueta do Oscar: Colman Domingo – Ator principal – foto
– Estatueta do Oscar: Roteiro Adaptado
– Estatueta do Oscar: Canção Original “Like a Bird”
0:50 – foto John Divine Whitfield real
– Trailer () – John Divine Whitfield: Protagonista
1:55 – “primeira imagem do filme” – Trailer (0:48)
2:28 – “Diretores do grupo se reúnem” Trailer ()
2:46 – Trailer (0:38) – Clarence Maclin: Aliado/Antagonista
– Fotos Clarence e John com um x entre ambos.
3:00 – Trailer (reunião dos presos)
3:15 – “aparece o Clarence” – Trailer (1:09)
4:22 – Trailer (John sozinho)
4:43 – Preparação da Peça – Presos com o figurino
5:28 – “ele é ajudado pelo diretor” – O diretor é um de cabelo cumpridinho, mais velho.
– em seguida imagens trailer (1:32)
5:47 – Cartaz Emilia Pérez sendo “rasgado”
6:04 – “soltura do John e do Clarence” Trailer (0:53)
6:14 – “mexe com as emoções dos atores” trailer (1:43)
– Momentos de desconforto de John
6:51 – Imagens Clarence no filme e em programas de entrevista
7:07 – “Poder do teatro” – trailer (0:32)
– em seguida imagens dos presos fazendo exercícios de teatro