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Uýra Sodoma estreia exposição em Bogotá nesta quinta-feira (13)

“Memórias de Alagamento” é uma ode às águas, mostrando que moldam não somente a geografia, mas também as nossas culturas e identidades

Foto: Matheus Belém

Nesta quinta-feira (13), o Museu de Arte Moderna (Mambo) de Bogotá será palco de uma experiência única e transformadora: a exposição “Memórias de Alagamento”, da artista amazonense Uýra Sodoma. Resultado de anos de pesquisas, a mostra é uma ode às águas – mostrando que moldam não somente a geografia, mas também as nossas culturas e identidades.

“A exposição ‘Memórias de Alagamento’ tem como objetivo abordar as múltiplas relações ambientais, sociais, culturais, políticas e espirituais que as águas possuem com os territórios da Colômbia e do Brasil. Sobretudo, o amazônico, de onde venho, considerando que estas relações não são exclusivas, mas planetárias”, afirmou Sodoma ao BEM VIVER.

A mostra faz parte de um ciclo expositivo, onde, a cada três meses, três artistas indígenas são convidados a apresentar exposições solo. A da amazonense, feita em colaboração com o Conselho Indígena Muíscas de Bosa – povo originário do território onde, hoje, está Bogotá -, possui ainda parceria com a Embaixada do Brasil na Colômbia. “Serão seis obras inéditas. Utilizo muitas linguagens, a mim, experimentais, como gravura, stencil, vídeos e instalações, além da foto performance com a qual estou mais habituada”, adiantou.

Com a diversidade de linguagens e suportes, Sodoma espera alcançar de forma mais abrangente e instigante o público. “A exposição é a memória ancestral de todo rio quando inunda, seja em um ambiente natural ou urbano. É também as memórias de tragédias de todas as famílias, a maioria racializada que ocupa as margens de rios, geralmente poluídos nas cidades. Essa é a memória que eu e minha família temos, nos ‘bodozais’ de Manaus [de forma muito parecida, os mais pobres também vivem na Colômbia]. Então, a mostra também minha história familiar e a de milhões de outras famílias na América Latina”, destacou a artista.

Encontro de realidades

Com uma abordagem multifacetada, Uýra Sodoma costura as realidades da Amazônia brasileira às vivências do território andino colombiano, desafiando as narrativas que tentam nos separar em uma América Latina – marcada por políticas de distanciamento. “Na exposição, compondo as obras, temos muitos elementos do cotidiano de Bogotá e da Colômbia com os quais facilmente as pessoas se conectam por reconhecê-los, como as montanhas, prédios históricos, lugares populares, a fauna e flora da região”, indicou.

“O maior objetivo da exposição é borrar fronteiras, evidenciar que, na verdade, Brasil e Colômbia não são tão diferentes como dizem os discursos históricos políticos, que erguem muros entre nós. Que possuímos riqueza de águas, mas também muitos problemas e desafios pela falta de respeito estrutural a elas. As águas nos conectam político, biológica e socioculturalmente, então, faz-se necessário um diálogo real e urgente entre nós”, acrescentou a artista.

Fruto de um extenso trabalho de pesquisa, “Memórias de Alagamento” é resultado de duas viagens: uma de pesquisa e residência, e outra de execução das obras.

“Minha área de maior interesse em pesquisa artística tem sido a geografia histórica dos territórios por onde passo, e suas relações com o meu, em Manaus e Brasil. Abya Yala [América Latina] é um território de águas, e este elemento é transversal à vida na Colômbia e no Brasil, mas em ambos os lugares há uma guerra histórica contra a água. Desde a perseguição histórica a povos indígenas, cujas culturas estão intimamente relacionadas ao elemento, à substituição destes modelos tradicionais de vida por cidades cujo crescimento rápido e caótico soterra, polui, marginaliza, invisibiliza e destrói os rios neste imenso continente, e ao redor do planeta”, frisou.

Com a mostra, Sodoma espera ajudar a “derrubar esses muros”. “Estamos trabalhando muito para a execução de tudo, com grande repercussão na mídia colombiana, e com uma programação educativa e política preparada para durante e após a abertura. Esta experiência tem me ensinado muito, e já traz a internacionalização do meu trabalho, em especial na América Latina, sempre me articulando às questões e povos em cada território que vivencio”, encerrou.

*Fonte: Acrítica

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