A estimativa do Instituto Nacional do Câncer (Inca) é o surgimento de 610 novos casos de câncer do colo do útero no Amazonas, e desse total, 420 somente em Manaus. Um dos fatores para surgimento dessa neoplasia é o Papiloma Vírus Humano (HPV), que segundo a Organização Pan-Americana da Saúde (Opas) é responsável por 70% dos casos e por lesões pré-cancerosas. A vacina é principal ferramenta contra o HPV.
De acordo com a Secretaria Municipal de Saúde (Semsa), até abril deste ano, 37.948 doses do imunizante foram aplicadas em meninos e meninas de 9 a 14 anos. De 2022 para 2023, a pasta registrou um aumento de 37.2% no número de aplicações da vacina. As mais de 30 mil doses representam 30% do total aplicado em 2023, ano em que 105.361 mil doses foram aplicadas.
A enfermeira Isabel Hernandes, gerente de Imunização da Semsa, pontuou que ainda existe preconceito a respeito da vacina contra o HPV, pois acreditam que vai estimular a atividade sexual de crianças e adolescentes.
Manaus apresentou no ano passado uma cobertura vacinal de 68,94% entre o público feminino, e de 46,05%, no masculino. Para esse ano, a pasta busca uma cobertura de 107% para os dois gêneros. “As meninas de 9 anos ainda estão com 85.32%, então temos que buscar as meninas que estão completando nove anos e realizar a vacina. Os meninos tem uma cobertura vacinal mais baixa 84.3%”, explicou.
Alta proteção
Na avaliação de Isabel a dose única vai colaborar com uma eficiência na cobertura vacinal. “A dose única foi comprovada através de estudos que basta uma dose com alta titulação de anticorpos para proteger contra o HPV. O que a gente via na prática que se fazia a primeira dose e depois não voltava para fazer a segunda. Então, melhorou muito a cobertura que já recalculamos com a dose única”, disse a gerente.
Pensar no futuro
O servidor público, Lucas Morais, 31 anos, levou a filha, Alice Luz Silva de Morais, 10 anos, para ser vacinada. “Vacinas são seguras, sobretudo aquelas ofertadas pelo Sistema Único de Saúde (SUS). Há muito mais benefícios para a saúde pública do que o contrário”, disse. “O Ministério da Saúde mudou recentemente a estratégia de imunização. Toda decisão em relação a isso é técnica e leva em consideração evidências científicas”, complementou.
Para ele ao vacinar as crianças é garantir que no futuro não irão desenvolver câncer causado pelo HPV.
Lucas avalia que as escolas podem ser um ponto estratégico para a vacinação de crianças e adolescentes. “Um ponto importante a ser considerado é a vacinação nas escolas. Essa estratégia é fundamental para ampliar a cobertura vacinal, e é importante destacar que a atual gestão do Ministério da Saúde tem desempenhado esse trabalho que foi negligenciado na gestão anterior”, pontuou.
O adolescente Henrique Leal Chrisrofoli, 12 anos, está no aguardo da segunda dose. A mãe dele, a arquiteta Marcia Regina Leal Chrisrofoli, 48 anos, não teve receio em levar o filho para receber o imunizante.
Para além de ser uma estratégia para a cobertura vacinal, Chrisrofoli avalia que também vai contribuir para tornar a vida dos pais mais fácil, em virtude da rotina de trabalho que as vezes não é flexível para levar os filhos até a UBS e receber as doses do imunizante. “Penso que torna tudo mais fácil, tendo em vista que muitos pais trabalham fora e nem todos tem flexibilidade de horário”, observou.
Meta
Com a meta de atingir mais de 90% do público alvo, a Semsa já disponibiliza a dose única do imunizante nas Unidades Básicas de Saúde (UBS). A dose é preconizada pelo Ministério da Saúde desde o dia 1º e crianças e adolescentes de 9 a 14 anos seguem como público-alvo. Para os grupos prioritários, que incluem pessoas imunocomprometidas de 9 a 45 anos e vítimas de violência sexual, será mantido o esquema em três doses, com intervalos de dois e seis meses.
*Fonte: Acrítica