O presidente do Boi Caprichoso, Rossy Amoedo, se pronunciou oficialmente nesta terça-feira (1º), em entrevista coletiva, para questionar a lisura da apuração do 58º Festival Folclórico de Parintins. De acordo com Amoedo, houve comprometimento no processo de avaliação por parte de jurados que já haviam sido contestados antes mesmo da abertura do evento.
“Os dois jurados que mais nos prejudicaram foram justamente aqueles sobre os quais alertamos a Comissão Julgadora. E, mesmo assim, nada foi feito”, afirmou o dirigente.
Segundo Rossy, a direção do Caprichoso entregou, antes do início da disputa, um relatório solicitando a substituição de dois avaliadores — um titular e um suplente — apontando inconsistências nos currículos e possíveis vínculos que poderiam comprometer sua imparcialidade. A Comissão Julgadora, no entanto, não teria dado retorno nem adotado medidas para evitar o problema.
O presidente ressaltou que as notas atribuídas por esses dois jurados foram desproporcionais em relação aos demais e decisivas para a derrota do boi azul. A soma dos descontos realizados por ambos ultrapassaria, segundo ele, a média dos outros sete avaliadores.
“Se esses jurados tivessem mantido uma linha coerente com o restante da banca, o resultado certamente seria diferente. O que aconteceu foi uma distorção grave, com indícios de interferência”, completou.
Ação judicial e pedido de anulação
Amoedo informou que a associação já iniciou o processo para requerer judicialmente a anulação da apuração. O pedido deve incluir tanto a exclusão das notas dos jurados apontados quanto a possibilidade de anulação total do resultado.
Entre os documentos reunidos pela diretoria estão os envelopes com os nomes dos jurados sorteados, além de outros materiais que serão entregues ao Ministério Público e órgãos de controle cultural. O objetivo, segundo Rossy, é também garantir mudanças nos critérios de seleção e fiscalização dos jurados em edições futuras do Festival.
Acusações sobre qualificação e vínculos
Durante a coletiva, o presidente do Caprichoso também questionou a formação da jurada Hylnara Anny Vidal, apontando que ela estaria afastada do meio artístico há mais de 15 anos e teria utilizado argumentos religiosos em sua justificativa técnica — algo considerado fora dos critérios artísticos exigidos pelo Festival.
Outro nome citado foi o do jurado Marcos dos Santos, que, de acordo com Rossy, teria ligação com um ex-jurado associado a membros de um dos bois, o que reforçaria suspeitas de favorecimento.
“Não estamos atacando todos os jurados. Sabemos reconhecer avaliações consistentes, inclusive quando nos são desfavoráveis. O que não aceitamos é julgamento parcial e uso de critérios subjetivos para punir apenas um lado”, destacou.
Contestação de notas e possível crime
Rossy também demonstrou insatisfação com a nota atribuída ao Levantador de Toadas Patrick Araújo, cuja apresentação teria sido sólida, mas recebeu pontuação inferior à de seu concorrente, David Assayag, que teria cometido falhas técnicas, como esquecimento de letras — o que, conforme o regulamento, demandaria penalização.
Por fim, o dirigente revelou que será registrado um boletim de ocorrência para que a jurada suspeita de falsificar seu currículo preste esclarecimentos. Caso comprovado, o caso pode configurar crime de falsidade ideológica.
“Não é apenas uma disputa entre dois bois. É a integridade de um festival que representa a cultura do nosso povo. Vamos seguir lutando pela verdade e pelo respeito à história do Festival de Parintins”, concluiu Amoedo.