Durante audiência pública para discutir e orientar sobre a estiagem de 2024, realizada nesta última quinta-feira (08/07), na Assembleia legislativa do Amazonas (Aleam), o secretário executivo estadual de Minas e Energia, Marco Vilela, alertou que as altas temperaturas podem causar interrupções elétricas em municípios do Amazonas.
Vilela disse que, no interior, mesmo com ampliação de estruturas das usinas termoelétricas e monitoramento constante, a temperatura é uma preocupação.
“Quando o calor fica muito intenso e com pouca chuva, acontecem muitos incêndios que derrubam as linhas de transmissão no interior”, afirmou o secretário.
O secretário ressaltou durante o discurso que para evitar esse tipo de acontecimento, a secretaria está monitorando as usinas e também as pequenas comunidades dos municípios, para que, caso os incêndios afetem as linhas elétricas, as autoridades consigam restabelecer mais rápido.
Entre os pontos já executados pela secretaria para evitar fortes impactos da estiagem, Vilela elencou: Armazenamento de combustível por 4 ou 5 meses, organização de pontos de abastecimento estratégicos, balsas de abastecimento e monitoramento dos pontos de abastecimento e usinas.
Além dos impactos de temperatura, as cotas dos rios foram um dos assuntos da audiência. A pesquisadora do Serviço Geológico do Brasil (SGB), Jussara Maciel, alertou durante apresentação que os impactos já são sentidos pela população.
“Para população, é um problema que tem a falta de chuvas, que tem a falta de abastecimento e isolamento das regiões topograficamente mais altas, que ficam com seus canais fechados”, informou a pesquisadora.
A especialista afirmou que monitora a calha de Tabatinga e que essa área de monitoramento serve de parâmetro para “entender o que se vai acontecer nos rio Solimões nos próximos dias”.
Ao mostrar os gráficos, Jussara Maciel expôs que as demais calhas seguem a tendência de Tabatinga e começaram a secar de forma mais intensa, como registrado em Fonte Boa.
Ao longo da semana, o rio Solimões apresentou descidas mais acentuadas em Tabatinga, onde os níveis são considerados baixos e próximo ao intervalo das mínimas para o período. O Solimões está declinando uma média diária de 14 cm em Fonte Boa, 12 cm em Itapéua e 9,5 cm em Manacapuru.
A especialista afirmou que o mês de julho já começou abaixo do esperado e que representa 44% das mínimas registradas, ou seja, é nesse período que o rio mais seca. Em seguida tem o mês de novembro, com 34% das mínimas e que esse processo preocupa, por estender o prazo de descidas, que podem acontecer de formas rápidas ou gradativas.
“As mínimas, normalmente, acontecem em outubro e novembro”, afirmou Jussara Maciel.
A pesquisadora informou que, apesar dos esforços, medir as cotas dos rios para o período de estiagem ainda não é certeza, pois são processos longos de construção de novos medidores, que devem levar em consideração as cotas do rios, precipitação de chuvas e outros fatores.
Um dos cenários preocupantes é o município de Fonte Boa, que não estava em processo de descida intensa, mas começou a cair com maior frequência, seguindo as estimativas para Tabatinga.
“Com essa descida em Fonte Boa, essa estiagem já aparece como a segunda mais severa”, apontou a pesquisadora.
Apesar dos índices mais baixos na região Sul do Amazonas, Jussara tranquiliza que para Manaus, o Rio Negro apresenta um comportamento dentro do padrao. Mas destaca que a preocupação não é a capital e sim as comunidades mais isoladas.
“Nas cheias intensas, o povo interiorano está preparado para elas, mas para a seca não”.
Com um índice fixado em queda, a especialista informou que o Rio Acre, por exemplo, está em descida constante desde maio.
No mapa 11 municípios aparecem com baixos índices nos rios e para a especialista, dar certeza sobre quão severa será a estiagem de 2024 é “complexo” e “preocupante”.
*Fonte: Acrítica