Os aprovados no concurso da Câmara Municipal de Manaus (CMM) cobram a homologação parcial do concurso. Os candidatos afirmam que a Casa e o Ministério Público do Amazonas (MPAM), se reuniram de portas fechadas nesta quinta-feira (13) para definir a anulação total do certame.
O candidato Thiago Crispim, 39, informou que em dezembro foi criada uma comissão entre os aprovados para pedir a homologação do concurso. Segundo ele, desde lá não consegue conversar com o presidente da Casa, David Reis (Avante).
“Desde dezembro a gente vem tentando homologar esse concurso e não está sendo recebido lá na Câmara. Então a gente tentou falar com a Diretoria Geral, com o gabinete do presidente e de forma muito estranha, ele não quis receber a gente”.
Thiago disse que após o MPAM recomendar que a CMM anulasse parcialmente o concurso, por suspeita de irregularidades nos cargos de médico e procurador legislativo, o presidente da Casa marcou reunião de portas fechadas com o MPAM. A primeira reunião, na terça-feira (11), foi suspensa a pedido de David Reis e remarcada para esta quinta-feira (13), com anúncio de decisão para ser anunciado nesta sexta (14)
“No fundo a gente sabe que a vontade política deles é anular o concurso. Eles buscaram isso aí como mera formalidade. E nós estamos exigindo nosso direito de assumir nossa vaga. A Câmara hoje tem muito cargo comissionado, em todas as áreas. Tem um déficit de pessoal e que ficam preenchendo com comissionado. Queremos as nossas vagas de direito. E chegamos a conversar com a promotoria de que se fosse anulado, que fosse somente os cargos que tiveram algum indício de irregularidade”.
Thiago também criticou que as reunião entre o MPAM e os vereadores da CMM fosse pública e que os aprovados tivessem participado. “Cabia a gente ter esse contraditório, mas não teve”.
O maranhense Gustavo Alves, 38, foi aprovado em primeiro lugar para o cargo de enfermeiro do trabalho. Ele afirmou que estuda há dois anos para a aprovação e que está “indignado” com a intenção de anulação total do certame.
“Então a gente não vê motivação, em alguns cargos, para que o Ministério Público, mas não achamos justo que venha com uma atitude dessa de querer anular tudo sem procurar saber, sem procurar investigar o que aconteceu realmente. E é difícil para a gente, o sentimento é de revolta, é de indignação, a gente até se emociona quando fala a respeito porque é injusto e foram anos de preparação”, disse.
Alves também criticou a reunião fechada e que foi tomada de forma rápida, sem seguir as recomendações iniciais do MPAM. “Eles decidiram em menos de 13 dias. Como a recomendação ainda nem havia sido cumprida, no último dia praticamente de cumprimento dessa recomendação para fazer com que o concurso fosse parcialmente homologado, os vereadores vêm numa reunião a portas fechadas e aí acabam mudando toda a recomendação do Ministério Público”, criticou.
O jovem de 19 anos, Andrei Oliveira, fez a prova para cargo de nível médio e disse que acha injusta a demora para homologar os aprovados de áreas que não estão sob suspeita do MPAM.
“Eu quero que sigam a recomendação inicial do Ministério Público de homologar os cargos que não estão com suspeita. Essa recomendação foi repentinamente mudada para a anulação do concurso, o que gera no mínimo perplexidade nos candidatos. É muito estranho porque não faz sentido, o motivo pelo qual seria do interesse da câmara anular completamente o concurso, já que há tantos anos não realiza concurso”, destacou.
A comissão dos aprovados afirma que tentou acompanhar a audiência de quinta-feira (13) no MPAM, mas que não conseguiu e que teve acesso apenas ao vereador Rodrigo Guedes, que disse a eles não concordar com a decisão da Casa Legislativa.
Já o Instituto Acesso, responsável pelo certame, divulgou uma nota de repúdio, alegando que se surpreende com as recomendações do MPAM “pela falta de embasamento e por ignorar os esclarecimentos prestados”.
O instituto disse que muitas das alegações já foram esclarecidas e que alguns procedimentos de irregularidades já haviam sido até arquivados.
“Mais grave ainda é o fato de que o Ministério Público sequer ouviu o Instituto Acesso antes de emitir tal recomendação, desconsiderando todas as provas que comprovam a lisura do certame. A alegação de que houve correção por meio de inteligência artificial das provas discursivas para o cargo de procurador, bem como o suposto vazamento dos nomes dos candidatos, é um absurdo completo!”, diz um dos trechos.
Na nota, a organizadora esclarece que todos os princípios foram atendidos e que “não há fundamentos”. O instituto afirmou que não houve violação de malotes de provas e que todas as correções foram feitas seguindo o edital.
A CMM irá anunciar às 13h30 de hoje a decisão tomada após a audiência com o MPAM. A coletiva acontecerá na sede do MPAM com as novas recomendações e medidas a serem tomadas.
*Fonte: Acrítica