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Calor ‘escaldante’ de Manaus afeta também a economia local, apontam especialistas

Altas temperaturas impactam desde a queda no fluxo de clientes até problemas na produção e escoamento de produtos, além de aumentar a conta de energia elétrica pelo maior uso de ar-condicionados e ventiladores.

Foto: Jeiza Russo

As ondas de calor no Amazonas estão trazendo mais do que desconforto físico às pessoas; as consequências dessas altas temperaturas também devem pesar no bolso do consumidor, causando impactos na economia. Isso porque o comércio e a indústria local têm enfrentado desafios, desde a queda no fluxo de clientes até problemas na produção e escoamento de produtos.

O economista Eduardo Souza explica que as ondas de calor impactam não somente o ambiente empresarial e comercial, mas também o consumo e a qualidade de vida das famílias. Com as altas temperaturas, a tendência é que haja maior consumo de energia elétrica com o uso de ventiladores e ar-condicionado, tornando a conta de luz mais alta no fim do mês e fazendo com que faltem recursos para outras destinações, como lazer e compra de vestuário, entre outras.

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“A gente acaba tendo uma queda na qualidade de vida e, consequentemente, uma queda no poder de compra, já que, com uma conta de água e de luz mais caras devido à necessidade de maior consumo, sobram menos recursos para eu usar com lazer, vestuário e em outras partes que compõem a cesta de bens das famílias”, disse.

Adaptações

Nas horas mais quentes do dia, o movimento nas lojas do Centro de Manaus tem diminuído, segundo os lojistas. Para contornar o problema, muitos comerciantes têm investido na climatização do ambiente, instalando mais condicionadores de ar e ventiladores para manter um conforto térmico adequado tanto para os trabalhadores quanto para os clientes.

O chefe de cozinha de uma lanchonete no Centro de Manaus, Gabriel Cordeiro Siqueira, relata que o calor intenso acaba afetando também a produtividade dos trabalhadores, além de diminuir o fluxo de clientes nos horários mais quentes do dia.

“Entre 12h e 14h, houve mesmo uma queda de clientes… Fora do normal um calor desses. Eu também dirijo moto e faço ‘bico’, sinto um calor fora do normal, aí depois vou trabalhar na chapa e parece ser a mesma coisa… Antigamente, a gente não tinha as cortinas de ar aqui, mas agora colocamos. Tem dois ar-condicionados ligados direto; antes, a gente só ligava um”, relatou Gabriel.

Por outro lado, a vendedora de uma loja de acessórios, Lorena Ribeiro, destaca que houve um aumento na demanda por ventiladores, principalmente para os clientes do interior do estado.

“Lá [no interior] estava tendo muita procura. A gente envia produtos para o interior, e teve bastante saída de ventiladores agora por conta do calor” – Lorena Ribeiro, vendedora.

Mudanças climáticas e a ilha de calor urbana

O meteorologista e mestre em Clima e Ambiente, Willy Hagi, afirma que as mudanças climáticas estão aumentando a intensidade e frequência de eventos extremos de onda de calor em todo o mundo, sem falar no contínuo aumento de temperatura. Ele destaca ainda que os grandes centros urbanos têm um fator agravante chamado de Ilha de Calor Urbana. É o que acontece em Manaus, por exemplo, que costuma ter temperaturas mais elevadas que a zona rural adjacente.

“Essa tendência de aumento de temperatura, que é característica do próprio aquecimento global, deve permanecer ao longo desta década se o estado das coisas continuar como está agora… Cidades que sofrem com o calor e são pouco arborizadas, como Manaus, precisam de um plano consistente para aumentar a área verde distribuída pela zona urbana e buscar formas de construção que levem em melhor consideração o conforto térmico”, disse o especialista.

A arquiteta e urbanista Kamila Reis, especialista em Construção Sustentável e Edificação Eficiente, afirma que o planejamento urbano desempenha um papel crucial na mitigação dos efeitos das ondas de calor nas cidades. Segundo ela, a infraestrutura urbana atual pode contribuir significativamente para o aumento das temperaturas nas cidades, intensificando a “ilha de calor urbano”, fenômeno que ocorre devido a uma combinação de fatores relacionados ao design, aos materiais e ao layout das áreas urbanas.

“Para combater o aumento das temperaturas nas cidades, é fundamental uma mudança profunda no planejamento e na infraestrutura urbana. A criação de mais espaços verdes, a utilização de materiais sustentáveis, a melhoria da ventilação natural e a promoção de alternativas de transporte limpo são passos cruciais para a construção de cidades mais resilientes, saudáveis e adaptadas às mudanças climáticas. Essas ações não só ajudam a controlar as temperaturas urbanas, mas também contribuem para uma melhor qualidade de vida para todos os habitantes”, disse.

Mas, diante do cenário e da realidade atual, o economista Eduardo defende políticas públicas, como um reajuste e diminuição nos impostos sobre o consumo de energia e água. Com a diminuição dos impostos, segundo ele, essas contas de água e energia, que pesam muito no bolso do consumidor, não atingiriam valores tão altos, impactando diretamente o consumo, principalmente de famílias de baixa renda, que já têm o orçamento apertado.

*Fonte: Acrítica

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