Portal Castello Connection
Alon HansArticulistas

Cartão de Crédito: o vilão silencioso que destrói o orçamento das famílias brasileiras

A facilidade de passar o cartão e pagar “só no mês que vem” criou a falsa sensação de poder de compra e é justamente aí que mora o perigo.

(Foto: Thiago Teixeira/Estadão)

O cartão de crédito, que nasceu como uma ferramenta de conveniência e segurança, tem se transformado no principal motivo de endividamento das famílias brasileiras. Em 2025, cerca de 83% dos lares endividados têm dívidas ligadas ao cartão, e a cada mês mais pessoas veem parte do seu salário sendo consumida pelos juros e encargos. A facilidade de passar o cartão e pagar “só no mês que vem” criou a falsa sensação de poder de compra — e é justamente aí que mora o perigo.

A taxa de juros do rotativo do cartão ultrapassa os 451% ao ano, o que significa que uma dívida de R$ 1.000 pode ultrapassar R$ 5.000 em apenas doze meses. Esse número, por si só, já deveria ser suficiente para alertar qualquer consumidor. No entanto, o que realmente mantém milhões de brasileiros presos nessa armadilha é o comportamento financeiro impulsivo e a crença equivocada de que o cartão é uma extensão da renda. Quando o salário acaba, o cartão vira o “socorro”. Mas, na prática, ele se transforma em um buraco ainda mais profundo.

Acompanhe nosso 📌 Canal no WhatsApp

A inflação persistente e os salários estagnados também contribuem para o problema. Com o custo de vida subindo e o dinheiro valendo menos, muitas famílias acabam usando o cartão para cobrir despesas básicas, como alimentação e contas domésticas. Isso cria um ciclo perigoso: o cartão vira a única saída imediata, mas a conta chega com juros altíssimos, e o orçamento do próximo mês já nasce comprometido. Essa é uma das principais razões pelas quais 71,37 milhões de brasileiros estão inadimplentes — ou seja, com o nome negativado.

(Foto: IA)

Outro ponto importante é que o crédito ficou mais caro e restrito. Com os bancos exigindo mais garantias, o cartão de crédito passou a ser a alternativa mais fácil de acesso, mas também a mais cara. E quanto mais a pessoa depende dele, menos consegue respirar financeiramente. Essa dependência mina o poder de escolha, aumenta o estresse e afeta até a saúde mental, criando um sentimento de culpa e impotência.

Sair desse ciclo exige consciência e ação prática. O primeiro passo é entender que o cartão não é uma extensão da sua renda, e sim uma ferramenta de pagamento que deve ser usada com responsabilidade. Quem já está endividado deve procurar renegociar diretamente com os bancos, priorizar o pagamento das dívidas mais caras e, se possível, buscar ajuda financeira especializada. Existem consultores e programas de apoio que podem orientar sobre como reorganizar o orçamento e reconstruir a saúde financeira.

Evitar o uso do cartão para despesas básicas é uma atitude de proteção, não de limitação. É preferível adaptar o padrão de consumo e aprender a viver com o que se ganha, do que comprometer o futuro com juros que crescem sem controle. O segredo está em planejar, controlar e repensar o comportamento financeiro — e isso começa ao entender que o crédito fácil é, na verdade, um inimigo disfarçado.

Em tempos de incerteza econômica, cuidar das finanças é um ato de coragem e sabedoria. Abandonar o uso inconsciente do cartão de crédito é o primeiro passo para retomar o controle sobre o próprio dinheiro e construir uma vida mais leve, sem a constante pressão das dívidas. Afinal, liberdade financeira não é sobre ganhar mais — é sobre gastar melhor e decidir com consciência.

Relacionados

Quando falar sobre dinheiro com as crianças: O Primeiro passo para um futuro sem dívidas

Alon Hans

Endividamento crescente trava o progresso do país e sufoca as famílias

Alon Hans

UMA BATALHA APÓS A OUTRA – Caos na América! Qual o personagem mais louco de um dos melhores filmes do ano?

Marcos De Bona

Este site usa cookies para melhorar sua experiência. Entendemos que você está de acordo com isso, mas você pode cancelar, se desejar. Aceitar Leia mais