Deadpool & Wolverine
Super-heróis/Ação/Comédia
Roteiro: Ryan Reynolds, Rhett Reese e Paul Wernick.
Direção: Shawn Levy. Com Ryan Reynolds, Hugh Jackman e mais alguns que não só revelarei no texto.
EUA, 2024 (nos cinemas)
Deadpool vê seu universo ameaçado e “ressuscita” Wolverine para ajudá-lo. Mas o que importa são as sequências de luta e as participações surpresa de antigos atores revivendo antigos personagens. E a trilha sonora fecha com chave de ouro.
Deadpool sai da Fox e entra para a Disney. Uma combinação improvável, mas que rende um filme muito divertido e com ótimas sequências de luta! Sem contar as participações especiais para esquentar o coração dos fãs da Marvel que vibram nas salas de cinema. Temos as clássicas piadinhas, quebras da quarta parede (quando Deadpool se dirige à câmera em um diálogo explicativo) e referências ao MCU que só os fãs entendem. A trama é rocambolesca, inclui viagem no tempo e multiverso, mas o roteiro fica em segundo plano diante de tantas qualidades do filme.
(Portanto, Marcos, como você vai analisar o roteiro desse filme se você mesmo acabou de admitir que o roteiro é o que menos importa?)
Realmente será uma tarefa difícil, até porque não sei se vou conseguir lembrar de todos os detalhes, dos pormenores que justificam as ações dos personagens. Na verdade o roteiro só cria pretextos para as piadas e sequências de luta. Mas vamos lembrar que essa é minha estreia no Portal Castello Connection e não posso decepcionar os leitores. Portanto, missão dada é missão cumprida.
(Peraí Marcos, essa frase é de outro filme!)
Mas como é tradicional nos filmes do Deadpool, temos várias referências a outros filmes. Aliás, com o intuito de imitar o filme, com seus diálogos explicativos e quebras da quarta parede, é que estamos fazendo esse diálogo.
(É verdade! Então bota pra…)
Ei, olha a boca!
(Como é tradicional nos filmes do Deadpool, temos um monte de palavrões.)
🤷♂️
Primeira sequência do filme:
Como também é tradicional nos filmes do Deadpool, começamos com um flashforward, o contrário de flashback, uma cena adiantada na cronologia do filme e que vai ser retomada mais a frente. Essa cena mostra Deadpool (o protagonista) indo até a cova de Wolverine e desenterrando seu esqueleto de adamantio. Guardas o atacam e ele usa os ossos do seu “amigo” como armas (e o filme usa os mesmos ossos para apresentar os créditos iniciais). Mais tarde vamos entender o motivo dessa cena.
Primeiro ato:
Depois de uma tentativa frustrada de entrar para os X-Men, Wade Wilson, identidade secreta do Deadpool, grampeia uma peruca na cabeça e está trabalhando como vendedor de carros. Em sua festa de aniversário, reencontra seus amigos que compunham a X-Force (ressuscitados através de viagens no tempo), Blind Al (a senhora cega com quem divide a casa), seus amigos mutantes Negasonic Teenage Warhead, Yukio e Colossus, além de Vanessa, sua ex-namorada (isso mesmo, ex-namorada), as pessoas que mais ama reunidas no mesmo lugar. Nosso herói parece feliz, mas está frustrado e com sua vida estagnada.
Chega a hora de o roteiro apresentar o…
Incidente incitante:
Deadpool conversa com Mr. Paradox (antagonista/vilão), nosso herói está empolgadíssimo, certo de que vai finalmente entrar para um grupo de super-heróis (dessa vez para os Vingadores)!
Mas Paradox avisa que para isso acontecer ele terá que deixar seu universo (um dentre vários outros multiversos) ser destruído, o que fará com que as pessoas da cena anterior deixem de existir.
Assim temos estabelecida sua missão principal: impedir que seu universo seja destruído.
Wade engana Mr. Paradox e vai atrás de Wolverine, seu aliado (podemos chamar de coprotagonista), para ajudá-lo em sua missão.
Chegamos à cena que abre o filme. Deadpool pensou que Wolverine era imortal, estaria vivo dentro de sua cova na neve. Frustrado, ele parte para uma sequência hilária à procura de outros Wolverines em outros multiversos. Finalmente acha um bem parecido com o original (ou o do nosso universo), que está deprimido e se sentindo culpado pela morte de seus colegas X-Men. Deadpool o convence a ajudá-lo, alegando que Logan poderá voltar ao seu próprio universo e consertar a situação (isso vai dar problema mais tarde).
Segundo ato:
O roteiro remete à “Jornada do Herói”, o primeiro e o terceiro atos se passam no chamado mundo comum, nesse caso o nosso universo. E o segundo ato acontece no mundo especial, onde os personagens precisam enfrentar o desconhecido para superar obstáculos cada vez maiores. Aqui, o mundo especial é uma espécie de limbo que, como o próprio Deadpool comenta, parece o cenário do Mad Max. Confesso que não lembro exatamente como a dupla foi parar lá.
(Sérião mesmo, Marcos???)
Sério. Mas o que importa é que lá eles encontram os antigos atores revivendo antigos personagens. Chris Evans, o Capitão América, aparece logo de cara, arrancando um “Ohhhh…” da galera no cinema.
Como é comum em filmes de super-herói, nossos protagonistas têm sua missão principal dificultada por um obstáculo. Eles estão presos no limbo do Mad Max. Assim fica estabelecida uma missão secundária: sair do limbo do Mad Max.
Somos apresentados à mais uma antagonista/vilã: Cassandra Nova, irmã gêmea do Professor Xavier (que parece bem mais Nova que o próprio Xavier, mas isso também pouco importa). Assim como o irmão, ela é extremamente poderosa, tem a habilidade de enfiar a mão na cabeça das pessoas (efeitos especiais perturbadores) e desvendar suas mentes.
Para saírem do limbo, a dupla precisará derrotá-la, e para isso contarão com a ajuda de três personagens, que ao aparecerem provocam mais reações da plateia, Elektra (Jeniffer Garner) “Oh…”, Blade (Wesley Snipes) “Ohhhhhhh…” e Gambit (Taylor Kitsch) “Ohhhh…”.
O que eu posso contar do roteiro, sem spoilers, é isso.
No mais, vale destacar a sequência de luta com dezenas de Deadpools pertencentes à diferentes multiversos. Um claro exemplo de “apenas um pretexto para uma excelente cena de luta”, que se resolve com uma piada no melhor estilo Deus ex machina (um desfecho mirabolante e um tanto forçado). Geralmente isso é um problema, mas nesse caso funciona muito bem, os roteiristas souberam usar o recurso criativamente a favor do filme.
E claro, o clímax, a última sequência de luta (com Hugh Jackman usando pela primeira vez a máscara do Wolverine) também é excelente. Tanto essa, quanto a sequência anterior são embaladas por Madonna cantando “Like a Prayer”, empolgante!
(Estou com a música na cabeça até agora, Marcos!)
Eu também! Um ótimo desfecho para um filme de um super herói que não se leva a sério. O que proporcionou uma liberdade muito bem aproveitada pelos roteiristas que, tão atrevidos quanto o Deadpool, não tiveram medo de fazer piada com os poderosos de Hollywood. Estúdios, filmes, atores, para o deleite da plateia, ninguém foi poupado.