Nesta quinta-feira (20) é celebrada o Dia da Imigração Japonesa no Amazonas, data que marca a chegada dos primeiros imigrantes japoneses à região. A data passa a integrar o calendário oficial do Amazonas após aprovação da lei na Assembleia Legislativa do Estado (ALE-AM).
Segundo Masahiro Ogino, cônsul-geral do Japão em Manaus, a instituição da data no calendário do Estado é de grande importância pois valoriza e fortalece os laços entre o Japão e o Amazonas.
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“Meu consulado e a Associação Nipo-Brasileira da Amazônia Ocidental em Manaus estamos nos preparando para comemorar em grande estilo o primeiro dia da imigração japonesa no Amazonas. Nesse dia, o Teatro Amazonas e a Ponte Rio Negro serão iluminados com as cores do Japão, além da realização de uma sessão especial na Assembleia Legislativa Estadual. As empresas japonesas também organizaram atividades de limpeza no dia 8 deste mês como parte das comemorações do Dia da Imigração Japonesa. Arrumação, organização, limpeza e asseio, entre outros, são os lemas das empresas japonesas, pois esses são os mesmos valores que os nikkeis têm representado no Brasil”, declara Ogino a respeito das atividades já realizadas e programadas para a celebração da data.
“Gostaria de enfatizar que, exceto os países vizinhos como Colômbia e Peru, o Japão é o único país que estabelece o Consulado-Geral em Manaus e na região amazônica ocidental. Este fato deve lhe dar uma ideia da importância que o Japão atribui a esta cidade e região”, descreveu o cônsul-geral do Japão em Manaus.
Masahiro explica também o motivo do dia 20 de junho ter sido a data escolhida para comemorar a imigração japonesa no Amazonas.
“Dia 20 de junho de 1931, foi o dia em que os Koutakuseis chagaram em Parintins. Os Koutakuseis foram jovens que se formaram na escola superior no Japão chamada Takushoku como líderes dos imigrantes japoneses nesta região amazônica. Cerca de 250 jovens Koutakuseis viajaram para esta terra estabeleceram sua sede em Parintins, e contribuíram para o desenvolvimento desta região através do cultivo e comercialização da juta como principal produto agrícola. Em Parintins, ainda há escolas, praças e postos de saúde associados aos nomes dos Koutakuseis até hoje”, pontuou Ogino.
Segundo o Consulado Geral do Japão em Manaus, o Amazonas possui a maior comunidade Nikkei na região Norte, com cerca de 60 mil descendentes japoneses. Só no Amazonas, há cinco colônias japonesas, três colônias japonesas na capital amazonense: Cachoeira Grande, que atualmente faz parte da cidade de Manaus, a colônia Bela Vista, do outro lado do rio Negro, e a colônia Efigênio de Sales, 40 km ao leste de Manaus. Além disso, também existem colônias japonesas em Parintins e Maués.
“A associação Nippaku é muito ativa e organiza vários eventos, como o Jungle Matsuri, maior festival da cultura japonesa desta região. Soube que, no ano passado, cerca de 35.000 pessoas se reuniram durante os 3 dias do evento. Também três colônias no entorno de Manaus celebram o Bon Odori, que é um festival tradicional japonês de verão, onde as pessoas agradecem de modo especial aos seus antepassados”, comentou Ogino.
Desenvolvimento econômico
Masahiro Ogino também ressalta que o presença da população japonesa no estado contribui significativamente para o desenvolvimento econômico e cultural da região pois muitas empresas japonesas estão presentes na Zona Franca de Manaus, gerando empregos e investimentos na região.
“A contribuição da comunidade nikkei para a sociedade local não é apenas no aspecto cultural. As empresas fundadas por nikkeis também contribuíram para o desenvolvimento da economia local. Exemplos típicos são a SB Log para distribuidora de farmacêuticos, a Brothers Indústria de Alimentos para pão, a Tai Engenharia e construções, diversas Granjas, lojas como a Mirai e o Mercadinho Popular Japonês, restaurantes da comida japonesa como Shin Suzuran, Suisei, Donburi, Miyako, Toyo e Hon Café, entre outros. Além das empresas locais fundadas por nikkeis, como vocês sabem, muitas empresas japonesas se estabeleceram na Zona Franca de Manaus”, ressaltou o cônsul.
Atualmente, há mais de 40 empresas associadas à Câmara de Comércio e Indústria do Nipo – Brasileira do Amazonas, uma associação de empresas japonesas que operam em Manaus. Dentre elas, 20 são fabricantes de motocicletas e seus fornecedores de peças. Quase todas as motocicletas que trafegam no Brasil são produzidas em Manaus, através de empresas como Moto Honda, Yamaha e Kawasaki.

“Gostaria de enfatizar que, em quase todas as empresas japonesas, os descendentes japoneses trabalham como a espinha dorsal da empresa, e algumas empresas passaram a ser dirigidas pelos. De acordo com a FIEAM, representam aproximadamente 30% das vendas totais da Zona Franca, e 15 mil pessoas são empregadas diretamente e 120 mil pessoas se beneficiam das empresas japonesas”, acrescentou Ogino.
Estudantes bilíngues
O cônsul-geral do Japão em Manaus acredita que um desafio para a comunidade nikkei é o ensino da língua japonesa no Estado.
“O ensino da língua japonesa em Manaus foi iniciado em 1980 pela Associação Nipo-Brasileira da Amazônia Ocidental e, em 1990, na Josephina de Mello, uma escola particular fundada por um pastor japonês. Depois, em 2011, foi criado um curso de língua e literatura japonesa na UFAM que forma professores de língua japonesa. Há casos de alunos que trabalham nas empresas japonesas em Manaus, atuando como uma ponte entre a região e o Japão. No momento, Manaus é considerada a cidade mais ativa no ensino da língua japonesa no Brasil. Isso se deve ao fato de Manaus ser a única cidade com duas escolas públicas bilíngues de língua japonesa. Pela iniciativa do Governo do Estado do Amazonas, a Escola Djalma da Cunha Batista foi criada em 2016 e a Escola Jacimar da Silva Gama em 2019”, declarou Ogino.
Atualmente, de acordo com Masahiro Ogino, cerca de 3 mil manauaras estão aprendendo japonês.
“Muitos jovens estão expandindo seu interesse em vários campos no Japão, como artes marciais e tambores taiko, por meio da língua japonesa. Além disso, a presença da comunidade japonesa também influenciou na criação de escolas bilíngues e intercâmbios culturais, enriquecendo o ambiente educacional do Amazonas. A relação entre o Japão e o Amazonas é de mútuo benefício, com trocas comerciais e culturais que fortalecem os laços entre os dois países”, pontuou.
Cooperação, investimentos e tecnologias
O cônsul-geral do Japão em Manaus destaca a contínua cooperação japonesa no Estado do Amazonas. Segundo Masahiro Ogino, há décadas, o governo do Japão vem cooperando principalmente na área ambiental, concretamente, na área da proteção florestal, monitoramento florestal e conservação da Biodiversidade.
“Agora estamos realizando um projeto de Aperfeiçoamento do Controle de Desmatamento Ilegal por meio de Tecnologias Avançadas SAR: Radar de Abertura Sintética e IA: Inteligência Artificial. Esta cooperação serve para fortalecer a capacidade de combater e administrar o desmatamento ilegal através da detecção e previsão do desmatamento na Amazônia, usando dados de satélite por radar e tecnologia de IA: Inteligência Artificial”, comentou Ogino.
Outro exemplo de cooperação é o projeto de Conservação da Biodiversidade na Amazônia. O governo japonês apoiou a construção de museus de campo em rede e a promoção do desenvolvimento regional sustentável no ambiente natural, incluindo a construção ou renovação de quatro instalações do INPA, tais como o sistema de purificação do tanque de água do peixe-boi, a Torre de observação ZF2, a Estação de campo de Cuieiras e a “Casa da Ciência”.
“Eu visitei a Torre de observação ZF2, a qual tem 40 metros de altura e está localizada ao norte de Manaus. Olhando em volta do alto da torre, a exuberante floresta verde se estende pelos 360°em seu entorno, com uma extensa visão de céu acima. O cheiro da floresta encheu o ar e o canto dos pássaros não cessou. Pude sentir na pele a grande riqueza e a preciosidade da floresta desta região amazônica, que não podemos sentir em nenhuma outra parte de nosso planeta”, destacou o cônsul.
Para a primeira celebração oficial do Dia da Imigração Japonesa no Amazonas, Masahiro Ogino destaca a oportunidade para refletir sobre a importância da imigração e da diversidade cultural na construção de uma sociedade mais inclusiva e plural.
“Acredito que o Japão quer e deve ser o parceiro do Brasil na proteção desta grande natureza e seus habitantes. Com relação à cooperação japonesa, gostaria de apresentar o programa do meu consulado chamado Assistência a Projetos Comunitários de Segurança Humana. Este programa representa o desejo dos japoneses de contribuir com os esforços dos amazonenses para suprir as necessidades básicas humanas nas áreas de educação, saúde, água potável, entre outros. Desde sua criação, até o momento, este Consulado tem apoiado o Estado do Amazonas com 35 projetos, em um total de R$ 12 milhões”, concluiu Ogino.

