Pesquisadores descobriram que a infecção pelo vírus da zika pode provocar resistência à insulina no cérebro, mesmo após a fase aguda da doença. O achado é de um estudo de instituições do Rio de Janeiro em parceria com o Instituto do Cérebro da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS) e a Universidade de Lund, na Suécia.
A pesquisa, financiada pela Fundação Carlos Chagas Filho de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro (Faperj), levanta o debate sobre possíveis efeitos metabólicos de longo prazo em pessoas que já tiveram zika.
Acompanhe nosso 📌 Canal no WhatsApp
Segundo Julia Clarke, líder do estudo, o vírus é capaz de invadir o sistema nervoso central e provocar inflamação no hipotálamo, região que regula o equilíbrio da glicose. Isso compromete a ação da insulina e desencadeia resistência no cérebro.
“Observamos que essa inflamação e a resistência à insulina permaneciam mesmo depois da fase aguda da infecção, o que pode atuar como fator de risco para doenças metabólicas”, explicou a pesquisadora.
Os testes em camundongos mostraram que, embora os marcadores inflamatórios retornem ao normal até 30 dias após a infecção, a resistência à insulina persiste. Entre as consequências possíveis estão obesidade e diabetes tipo 2.
O estudo reforça que o vírus da zika pode causar danos neurológicos tanto em cérebros em desenvolvimento quanto em adultos. Entre as condições já relacionadas estão mielite aguda, inflamação na medula espinhal, e encefalomielite, inflamação no encéfalo.

 

