Uma alimentação baseada em comidas tradicionais brasileiras, como arroz e feijão, continua sendo uma das formas mais eficazes de manter a saúde e o peso equilibrado. A conclusão é de um estudo conduzido pela Fiocruz, Universidade de São Paulo (USP) e universidades federais de Minas Gerais, Espírito Santo, Bahia e Rio Grande do Sul.
Os resultados integram um boletim especial com os dados mais recentes do Estudo Longitudinal de Saúde do Adulto (Elsa-Brasil), que acompanhou mais de 15 mil participantes. O levantamento avaliou como os hábitos alimentares influenciam na prevenção de doenças crônicas.
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O estudo conclui que arroz e feijão são aliados da saúde, enquanto o excesso de sal, o consumo de bebidas alcoólicas e os alimentos ultraprocessados estão ligados a maiores riscos de doenças e mortalidade.
Arroz e feijão: benefícios comprovados
De acordo com o boletim, manter um padrão alimentar típico do Brasil — com arroz, feijão, frutas, verduras, castanhas e peixes — está associado à redução de peso e diminuição da gordura corporal ao longo do tempo.
O consumo moderado de café e laticínios também mostrou efeitos positivos. Tomar de duas a três xícaras pequenas de café por dia foi associado a menor risco de diabetes, hipertensão e a melhor desempenho cognitivo em pessoas com mais de 65 anos.
Os laticínios desnatados estiveram relacionados à menor pressão arterial e melhor saúde cardiovascular. Segundo o estudo, pessoas que consumiam mais desses produtos apresentaram até 64% menos risco de morrer por doenças do coração.
Riscos do sal e dos ultraprocessados
O consumo de sal ainda é muito acima do ideal. A média registrada foi de 11 gramas por dia, mais que o dobro do limite recomendado pela Organização Mundial da Saúde (OMS). Homens consomem cerca de 38% mais sal do que as mulheres.
Os pesquisadores alertam ainda para os efeitos da dieta moderna, rica em alimentos ultraprocessados — como refrigerantes, biscoitos, embutidos e salgadinhos. O aumento de 10% no consumo diário desses produtos elevou em 10% o risco de morte por qualquer causa e em 11% o risco de morte por doenças crônicas.
O estudo também encontrou relação entre o consumo frequente de ultraprocessados e casos de depressão. Entre os participantes, quem tomava um copo médio de refrigerante por dia tinha até 23% mais risco de desenvolver hipertensão, diabetes e síndrome metabólica.
Álcool e saúde
Metade dos participantes afirmou consumir bebidas alcoólicas regularmente. A cerveja foi a mais citada, seguida por destilados entre os homens e vinho entre as mulheres. O consumo excessivo de álcool aumentou o risco de hipertensão, obesidade abdominal e níveis elevados de triglicerídeos, com efeitos mais fortes observados entre os homens.
As descobertas reforçam a importância de valorizar os alimentos tradicionais do país e de adotar uma dieta baseada em produtos naturais. Para os pesquisadores, a melhor recomendação é simples: dar preferência a comidas frescas, manter o café e os laticínios com moderação e não abrir mão do clássico prato de arroz com feijão.

 

