No Norte e Nordeste do Brasil, onde a escassez de médicos é uma realidade, a telemedicina surge como uma solução inclusiva e acessível. No Amazonas, pacientes de áreas remotas, como indígenas e ribeirinhos, enfrentam dificuldades não apenas de tempo, mas também financeiras, já que muitos não conseguem se deslocar até a capital, e os que conseguem ainda lidam com custos do deslocamento e hospedagem. Há 12 anos, a telerradiologia tem sido fundamental para essas comunidades, realizando cerca de 100 mil exames por ano, como raios-x e mamografias, proporcionando diagnósticos rápidos e tratamentos oportunos em casos críticos e emergências.
Contudo, a continuidade da telerradiologia, que permite a análise de imagens médicas à distância, depende de investimentos. Este projeto público-privado envolve uma empresa privada para parte da iniciativa, enquanto o acervo de dados é gerido pelo setor público. Para garantir a continuidade e expansão desse serviço, é crucial assegurar recursos adequados. “Quando você trabalha com telemedicina, está lidando com algo que ainda não é amplamente disponível no Brasil. Por isso, não se pode culpar os governos por não implementarem algo em fase de desenvolvimento,” afirma Leonardo Melo, CEO da Diagnext.
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No entanto, Leonardo lembra que é necessário o apoio governamental e de organizações que compreendam a importância de investir em tecnologia e infraestrutura. “O futuro da saúde em áreas remotas depende dessa visão de longo prazo, em que a tecnologia digital pode aproximar pacientes e especialistas, salvando vidas e oferecendo cuidados médicos de qualidade a quem mais precisa. Só assim será possível tornar essas soluções reais e efetivas, como já ocorreu em outras partes do mundo”, ressaltou.
A telerradiologia é fundamental em regiões onde a presença de especialistas é limitada. Entretanto, manter essa operação funcionando em áreas de difícil acesso exige um sistema de comunicação robusto, que suporte o envio e recebimento de grandes volumes de dados, de forma rápida e segura. “Essa modalidade de telemedicina funciona há 12 anos no estado do Amazonas, levando esperança para o interior do Norte do país. A tecnologia digital utilizada garante a simultaneidade necessária para salvar vidas, transportando dados em tempo real mesmo em locais com infraestrutura limitada de comunicação”, explicou o especialista.
Avanços esperados para 2025
A telecirurgia, outra modalidade de telemedicina, também já está sendo implementada para atendimento em áreas remotas. Teste laboratoriais já foram feitos no Amazonas e os testes em hospitais serão realizados no primeiro trimestre de 2025. “A telecirurgia tem o potencial de transformar a oferta de serviços cirúrgicos em cidades do interior, onde atualmente não existem cirurgias agendadas”, ressaltou Leonardo da Diagnext.
Os desafios tecnológicos são grandes. No entanto, a parceria com a Intel e instituições de pesquisa, como o CNPQ, Finep, CDTI / Espanha, a Universidade Estadual do Amazonas (UEA) e a Universidade Federal do Amazonas (UFAM), tem sido fundamental. “A telecirurgia tem o potencial de transformar a oferta de serviços cirúrgicos em cidades do interior, onde atualmente não existem cirurgias agendadas. O objetivo é expandir utilizando tecnologias inovadoras para alcançar mais pessoas e levar saúde a fronteiras nunca antes atingidas, proporcionando um atendimento médico digno a essas pessoas”, afirmou Leonardo Melo.
Outro modelo da telemedicina que segue nessa linha de expansão é a telepatologia. Leonardo explica que é algo que nunca foi feito no Brasil e que tem o potencial de viabilizar a análise de lâminas para diagnósticos de câncer e outras doenças. Estamos falando de algo que traria um impacto positivo imediato para o Sistema Único de Saúde (SUS), principalmente nas regiões mais carentes. Essa proposta está sendo discutida em parceria com a Organização Pan-Americana de Saúde (OPAS) e, assim como a telerradiologia, requer um sólido investimento para sair do papel. Os recursos estão sendo negociados, e o objetivo é iniciar o projeto pelo Amazonas, expandindo depois para o restante do Brasil”, afirmou.