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16/06/2025
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Cultura

Festival “Até o Tucupi” anuncia datas e propõe Encontro Amazonense sobre Crise Climática

Com 17 anos de existência a edição 2024 do festival é realizada pelo Coletivo Difusão, Coletivo Proteja, Coiab, Casa Cinco e Miriã Mahsã.

Foto: Divulgação

Entre os dias 20 e 30 de novembro, será realizada, em Manaus, mais uma edição do Festival Até o Tucupi, que em 2024 completa 17 anos de trajetória e vai pautar a crise climática como tema transversal da programação. “Até o Tucupi, Festival pelo Clima” é o nome desta edição que terá na programação ações em escolas, edital de ocupação artística, mostras culturais e sediará o Primeiro Encontro Amazonense sobre Crise Climática. O evento, conhecido por promover a ocupação dos espaços públicos da cidade com arte e debate político, reafirma seu papel como plataforma de resistência cultural, especialmente neste momento em que as questões climáticas emergem como urgências globais e regionais.

O Amazonas é um dos estados mais afetados pela crise climática, na Amazônia, onde a maioria dos municípios depende diretamente dos rios para transporte e sobrevivência. Os grandes ciclos de seca, que se intensificam com as mudanças climáticas, deixam milhões de pessoas em situação de vulnerabilidade, comprometendo o abastecimento de água, a mobilidade e a segurança alimentar de comunidades inteiras. Esse cenário de emergência não pode ser ignorado, e o Festival Até o Tucupi se propõe a fortalecer ações que alertam e buscam soluções para essa realidade. “O que está acontecendo no Amazonas nos atinge em cheio, é impossível ficar de braços cruzados enquanto nossa gente sofre com as consequências dessas crises. O festival quer ser uma voz ativa nesse movimento de transformação”, afirma Elisa Maia, produtora e uma das realizadoras do Festival.

 A partir do Dia da Consciência Negra, 20 de novembro, o festival começa com atividades em escolas públicas, abordando temas fundamentais como o racismo ambiental e o impacto desproporcional da crise climática sobre as populações negras e periféricas. Essa abertura educativa destaca a importância de se combater o racismo e de afirmar a ancestralidade negra como pilares no enfrentamento das crises climáticas.

Entre os dias 21 e 31 de outubro, o Festival Até o Tucupi abrirá um edital para inscrições de propostas de artes integradas, com foco em projetos que dialoguem diretamente com as questões relacionadas à crise climática. Artistas de diversas linguagens poderão submeter trabalhos que serão selecionados para compor a programação do festival. Essas intervenções artísticas, alinhadas ao debate climático, serão distribuídas por várias áreas de Manaus, reforçando o compromisso do festival em ocupar todas as zonas da cidade, levando arte e discussões essenciais sobre a emergência ambiental para os bairros periféricos e o centro da capital.

Nesta edição, o Festival Até o Tucupi reforça a forte presença indígena em Manaus, reconhecida como a cidade mais indígena do Brasil. O evento será organizado em parceria com a Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira (COIAB) e o coletivo Miriã Marsã, fortalecendo as lutas dos povos indígenas, que são autoridades no enfrentamento da crise climática. O festival busca também unir a diversidade cultural da Amazônia, promovendo um espaço de diálogo e ação para destacar a importância da resistência indígena nas questões climáticas e sociais que afetam a região.

A união da diversidade dos movimentos negro, indígena , LGBTQIA+, entre outros é vista como um passo essencial para enfrentar a crise climática e tratar questões como o enfrentamento ao marco temporal e ao racismo ambiental. O festival busca promover o Primeiro Encontro Amazonense sobre Crise Climática para criar um espaço de diálogo que una essas forças e proponha soluções concretas para a região. “Nós, povos indígenas, somos as verdadeiras autoridades climáticas, juntamente com quilombolas, extrativistas, povos de terreiro, moradores de periferias, pessoas LGBTQIA+, entre outros. Somos nós que vivemos e resistimos diariamente aos impactos da crise climática, e precisamos estar no centro das soluções”, afirma Alana Manchineri, produtora e uma das realizadoras do festival.

O grande destaque desta edição do Festival Até o Tucupi é o Encontro Amazonense sobre Crise Climática, que propõe reunir movimentos sociais, fazedores de cultura, mobilizadores sociais e pessoas engajadas para discutir a necessidade de medidas urgentes frente à crise que o Amazonas enfrenta, uma crise cujos impactos ultrapassam as fronteiras do estado. Com a proximidade da COP 30, que será sediada na região Amazônica, em Belém, no Pará, o encontro propõe uma discussão crítica sobre o papel da Amazônia no cenário climático mundial. “Quem bota fé que a COP vai resolver alguma coisa? Se não construirmos nossos próprios espaços de ação e construção política, não chegaremos a lugar nenhum esperando soluções de megaeventos que apenas falam sobre clima”, questiona Elisa Maia.

A programação completa do Festival Até o Tucupi, incluindo os locais das ações e intervenções, será divulgada no início de novembro. As atividades estarão sendo realizadas em diferentes pontos da cidade, ocupando escolas, espaços culturais, praças públicas e bairros de todas as zonas de Manaus, reafirmando o compromisso do festival em ser acessível e representativo das diversas realidades urbanas da capital.

O Festival Até o Tucupi é realizado por uma coalizão de importantes coletivos e organizações que atuam na área cultural e de direitos sociais, composta pelo Coletivo Difusão, pelo Coletivo Proteja, pela Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira (COIAB), pela produtora Casa Cinco e pelo coletivo LGBTQIA+ indígena Miriã Mahsã.

 Histórico 

 Com 17 anos de trajetória, o Festival Até o Tucupi se consolidou como uma das principais plataformas culturais e políticas da Amazônia. Desde sua criação em 2007, o festival vem ressignificando o uso de espaços públicos de Manaus, promovendo a presença e o protagonismo de coletivos urbanos, movimentos sociais e artistas das periferias. O evento, que começou como uma iniciativa de resistência cultural, expandiu-se para se tornar um importante espaço de diálogo sobre questões sociais, ambientais e políticas, sempre articulando a arte como uma ferramenta de transformação social. Ao longo desses anos, o festival trouxe para o centro do debate temas como justiça racial, direitos indígenas, igualdade de gênero e, mais recentemente, a crise climática, reafirmando seu compromisso com a justiça social.

*Fonte: Acrítica

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