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Louvor e Política movimentam tabuleiro das eleições 2026

Foto:Alex Pazuello/Secom

Manaus — A 8ª Conferência de Liderança Política da Assembleia de Deus do Amazonas (Colpadam), realizada no último sábado (27), reuniu centenas de pastores, líderes religiosos e autoridades políticas, e escancarou o protagonismo da igreja nos rumos da disputa estadual. O encontro funcionou como palco de anúncios e gestos estratégicos que sinalizam a disputa eleitoral de 2026 no Amazonas.

Com forte capilaridade social — cerca de 300 mil membros e mais de 3 mil templos no Estado —, a IEADAM, Igreja Evangélica Assembleia de Deus no Amazonas reforçou influência política ao aproximar-se de pré-candidatos e consolidar articulações partidárias junto aos fiéis. Historicamente decisivo em pleitos locais, o voto evangélico, ultrapassa 30% do eleitorado no Amazonas segundo dados do IBGE, assume papel central nas estratégias eleitorais.

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Com apoio explícito ao governador Wilson Lima e pulverização de alianças durante discurso, o deputado federal Silas Câmara (Republicanos) — liderança política influente dentro da denominação — fez aceno claro ao governador Wilson Lima (União), projetando o chefe do Executivo como candidato ao Senado em 2026. “Onde o senhor estiver, estaremos com o senhor”, afirmou, ressaltando que a igreja “não só se sente parte do governo, mas está com ele”. O recebimento do apoio formal da IEADAM foi interpretado por observadores como um movimento importante para legitimar a postulação de Lima fora do âmbito meramente partidário.

O governador, porém, adotou cautela ao comentar a indicação: “não depende só de mim, mas do grupo político ao qual faço parte, e principalmente do cidadão”. Em sua fala à plateia, Lima fez um balanço de realizações da gestão estadual — expansão de UTIs no interior, queda nos índices de criminalidade, incremento no PIB estadual e crescimento do emprego formal — como blindagem política para sua eventual candidatura.

Não passaram despercebidas as movimentações de outras lideranças influentes no cenário estadual. O senador Omar Aziz (PSD) reafirmou a intenção de concorrer ao governo do Estado, evocando o passado de benefício à igreja durante mandato como governador. Já o ex-governador Eduardo Braga (MDB) aproveitou o espaço para estreitar laços com fiéis e demonstrar sensibilidade aos anseios do público evangélico — estratégia clássica de campanha.

Por outro lado, faltas pontuais também receberam atenção. Nomes considerados com apelo junto à base evangélica — como a professora Maria do Carmo Seffair e o deputado Capitão Alberto Neto — não compareceram ao evento, o que acendeu alertas nos bastidores: se quiserem conquistar esse eleitorado, terão que agir fora dos espaços institucionais da igreja.

Cristãos como atores estruturantes da política amazonense

A estrutura da IEADAM vai além do culto: mantém canais de comunicação próprios, escolas, presença em câmaras municipais e assento no parlamento estadual e federal. Esse aparato tem sido usado para influenciar decisões políticas, consolidar redes de apoio e moldar agendas legislativas favoráveis à religiosidade. A Colpadam, por sua vez, serve como vitrine desse poder simbólico — congregando sensibilidades políticas ligadas ao segmento evangélico.

O desafio para os postulantes, portanto, é não apenas angariar apoio superficial, mas construir pontes duradouras com lideranças e congregações locais. A ausência de interlocução direta pode custar caro em um segmento cuja mobilização tem peso comprovado nas urnas.

O que observar até 2026

  • O apoio institucional a Wilson Lima pode fortalecer sua presença em bases evangélicas, mas também provoca reação de grupos que apostam em Aziz, Braga ou candidatos independentes.
  • A dispersão de candidatos ao Senado e ao governo estadual pode gerar alianças inusitadas e a IEADAM disputará espaços de influência.
  • A capacidade de candidatos ausentes de reverter a participação junto ao público religioso será decisiva para as chances eleitorais.

A 8ª Colpadam desenhou, no âmago do poder religioso, parte do horizonte eleitoral de 2026 no Amazonas.

As cartas foram distribuídas — agora, resta ao tempo revelar quem conseguirá jogá-las com destreza.

Fonte: A Crítica.

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