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Lula defende lucro de petróleo para financiar transição energética

Em seu pronunciamento, Lula ponderou que essa transição precisa ocorrer de forma gradual.

(Foto: Arte Petrobras/ Divulgação)

Depois de apoiar o início das pesquisas de exploração de petróleo na Margem Equatorial da Foz do Amazonas, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva defendeu, nesta sexta-feira (7), que parte dos lucros do setor petroleiro seja direcionada à transição energética.

Durante discurso na abertura do segundo dia da Cúpula de Líderes, em Belém (PA), Lula mencionou a possibilidade de criação de um fundo específico para essa finalidade e destacou a importância de ampliar o uso de fontes renováveis, citando o etanol como exemplo.

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“Direcionar parte dos lucros com exploração de petróleo para transição energética permanece um caminho válido para os países em desenvolvimento”, disse o presidente, em evento que antecede a Conferência do Clima das Nações Unidas (COP-30) em Belém. “O Brasil estabelecerá um Fundo dessa natureza para financiar o enfrentamento da mudança do clima e promover justiça climática”.

O governo tem defendido que a receita obtida com o petróleo pode ser um instrumento para financiar a mudança para uma economia de baixo carbono — argumento que vem sendo criticado por organizações civis. Em seu pronunciamento, Lula ponderou que essa transição precisa ocorrer de forma gradual.

“Já sabemos que não é preciso desligar as máquinas ou motores, nem fechar fábricas ao redor do mundo de um dia para o outro. A ciência e a tecnologia nos permite evoluir de forma segura para um modelo centrado nas energias limpas. Essa transformação já está em curso”, afirmou o presidente.

A exploração de petróleo na Margem Equatorial tem gerado polêmica entre ambientalistas, que alertam para o risco de vazamentos no oceano e para o aumento das emissões de gases de efeito estufa. O governo, por sua vez, sustenta que a atividade é tecnicamente segura e essencial para reduzir desigualdades regionais.

Lula também reiterou a importância do etanol como alternativa de energia limpa.

“Nossa gasolina tem 30% de etanol em sua composição. Nosso diesel, conta com 15% de biodiesel. O etanol é uma alternativa eficaz e imediatamente disponível para adoção dos setores mais desafiadores, como indústria e transporte. É lamentável que pressões e ameaças tenham levado a adiar esse passo”.

O Brasil é hoje uma das maiores potências globais na produção de biocombustíveis, embora o tema ainda gere controvérsias, especialmente na Europa, onde há críticas de que a produção de matéria-prima para combustíveis ocupa áreas destinadas ao cultivo de alimentos. O governo brasileiro pretende reforçar, durante a COP-30, a defesa do aumento da produção de etanol como estratégia para reduzir emissões de carbono — pauta também apoiada pelo agronegócio nacional.

No discurso, o presidente enfatizou que a transição energética requer financiamento internacional e sugeriu que a troca de dívidas dos países em desenvolvimento possa ser um mecanismo para liberar recursos voltados à transição verde.

“Um processo justo, ordenado, equitativo de afastamento dos combustíveis fósseis demanda acesso de tecnologia de financiamento para os países do Sul Global. Há espaço para explorar mecanismos inovadores, de troca de dívida por financiamento de iniciativa de mitigação climática e transição energética”, disse.

Lula também defendeu triplicar a geração de energia renovável e dobrar a eficiência energética até 2030, além de eliminar a pobreza energética e garantir acesso universal à eletricidade como parte dos compromissos climáticos nacionais.

Mesmo defendendo a exploração de petróleo na foz do Amazonas, o presidente criticou a postura dos 65 maiores bancos do mundo, que concederam US$ 869 bilhões em financiamentos ao setor de óleo e gás. Ele observou ainda que, desde o Acordo de Paris, a participação dos combustíveis fósseis na matriz energética global caiu apenas de 83% para 80%.

“Os incentivos financeiros muitas vezes vão no sentido contrário ao da sustentabilidade”, concluiu Lula.

*Com informações da Agência Brasil 

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