Ex-secretário de Infraestrutura (Seminf) e candidato a vice-prefeito de Manaus, Renato Júnior (Avante), foi mencionado pela Polícia Federal (PF) no inquérito da ‘Operação Entulho’, que investiga fraudes em licitações relacionadas aos contratos das empresas de coleta de lixo Soma e Tumpex. Renato é o “braço direito” do prefeito David Almeida, que tenta a reeleição. As informações foram obtidas pela revista Cenarium nesta terça-feira (8).
O relatório da PF investiga possíveis fraudes ocorridas entre 2016 e 2022. A investigação aponta para irregularidades na movimentação de R$ 131,2 milhões, com base em crimes de sonegação fiscal ligados às empresas Soma e Tumpex, além de outras 31 empresas de fachada.
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A ‘Operação Entulho’ foi deflagrada em 2023 e se desdobrou na ‘Operação Dente de Marfim’, que também incluía outro secretário da gestão de David Almeida, Sabá Reis, secretário de Limpeza Pública que foi mantido por David no cargo mesmo sendo alvo da PF.
De acordo com os documentos obtidos pela Cenarium, Renato Júnior é citado na página 293 do inquérito que possui 306 páginas.
Conversas interceptadas
As investigação da PF são baseadas e uma série de conversas telefônicas interceptadas entre outubro de 2021 e março de 2022 que envolvem Renato Júnior, David Almeida, e o empresário Williams Rodrigues Maia, sócio de uma das empresas suspeitas de ser usada como fachada.
Segundo a PF, o empresário Williams teria se encontrado com David Almeida durante uma reunião, na qual o prefeito teria ligado para Renato Júnior com a ordem de “resolver uma situação“.
Essas conversas levaram a PF a constatar intenções de que um dos investigados teria influência na Prefeitura de Manaus para participar e fraudar licitações de forma privilegiada.
Nas conversas entre o empresário, David Almeida e Renato Júnior foram registrados em interceptações telefônicas de 15 de outubro de 2021 e 6 de março de 2022. David Almeida assumiu a prefeitura em 1º de janeiro de 2021.
Movimentações
Os documentos obtidos pela Cenarium também mostram que a PF descobriu que mais de R$ 6 milhões foram depositados em contas de pessoas físicas e jurídicas ligadas às empresas Soma e Tumpex, simulando despesas com fornecedores durante o mesmo período.
O valor que deveria ser aplicado para pagamentos aos fornecedores “de fachada” retornaria ao grupo econômico dos sócios investigados.
Os documentos da PF também indicam que os empresários Mauro Lúcio Mansur Silva e José Paulo de Azevedo Sodré Neto emitiram aproximadamente 970 cheques para pagamentos de notas fiscais “frias” de empresas “de fachada”, reduzindo tributos federais.
O total desses pagamentos realizados R$ 131.236.445,85, dos quais R$ 110.491.832,05 foram retirados em espécie, buscando ocultar a transação dos valores resultantes da sonegação fiscal.
Operação Dente de Marfim como desdobramento da Operação Entulho
O inquérito que envolve Renato Júnior foi instaurado pela Portaria 11.300/2021, sob a direção do delegado federal Eduardo Zózimo de Andrade, e abrange suspeitas de ilegalidades ocorridas entre 2016 e 2022.
Além de Renato Júnior, a ‘Operação Entulho’ também teve como alvos os empresários Marcos Paulo Silva de Souza, Jeferson Lopes da Silva, José Antônio Marques Vieira, José Nelson Rosa, Benedito Ilson Pereira Martins, Francisco Xavier Verás dos Santos e Valdeci Faria Bruno.
Durante a execução dos mandatos, o delegado Eduardo Zózimo destacou que o grupo é investigado por sonegação fiscal, emissão de documentos falsos, lavagem de dinheiro e organização criminosa.
O secretário de Limpeza Pública, ex-deputado estadual Sebastião Reis, conhecido como Sabá Reis, é investigado na Operação Dente de Marfim, desdobramento da Operação Entulho, como suspeito de receber propina do esquema de desvio de recursos em contratos com empresas de lixo da cidade.
Interceptações telefônicas da PF, flagraram o empresário Carlos Edson de Oliveira Junior, sócio da Mamute Conservação, Construção e Pavimentação Ltda., então contratada da Semulsp falando em pagamentos ao secretário Sebastião Reis.
Assim como Renato Júnior, David Almeida mantém o secretário Sabá Reis no cargo. E não se manifestou oficialmente sobre o caso e nem anunciou qualquer providência para apurar as denúncias investigadas pela Polícia Federal.
*Fonte: D24am