Roteiro: Zoë Kravitz e E.T. Feigenbaum.
Direção: Zoë Kravitz.
Com Naomi Ackie, Channing Tatum, Alia Shawkat e Geena Davis.
EUA, 2024
(estreia 22/08 nos cinemas)
Frida, uma garçonete que sempre se sentiu invisível aos olhos alheios, é convidada por Slater, o milionário dono de uma big tech, para visitar sua ilha particular. De repente…
“*Esse texto não contém spoiler. Para análise do roteiro com spoilers assista o vídeo acima.”
1ª cena do filme:
Frida (a protagonista), em um local escuro, assiste a pequenos vídeos no celular. Até aparecer Slater, o milionário, pedindo desculpas por algo muito grave que havia feito. O plano abre e vemos que Frida está sentada no vaso sanitário. Uma metáfora de sua vida naquele momento.
Primeiro ato:
Somos apresentados à Jess (aliada) amiga e colega de trabalho de Frida. As duas são garçonetes e estão trabalhando em um evento da empresa de Slater.
As duas dão um jeito de penetrar num local exclusivo para convidados e, sem querer, Frida chama atenção de Slater. Desde o começo, o rapaz parece ser muito gentil e fazer de tudo para agradá-la. Tudo indica que Slater é um aliado.
Incidente incitante:
No fim da festa, o milionário convida Frida e Jess para irem até sua ilha particular.
Segundo ato:
Na ilha todos vivem uma rotina de gente rica tirando férias. Passam os dias bebendo na piscina, fazem jantares bastante apetitosos preparados por um dos convidados, e toda noite tem festa. Todos estão muito felizes e isolados do resto do mundo. Isolados mesmo, pois seus celulares foram recolhidos logo que chegaram lá.
Como é comum em um “filme de grupo”, cada um dos convidados desempenha um papel. Temos o brincalhão, o misterioso, o que parece perdido, duas muito moças empolgadas e Sarah, que demonstra sentir atração por Slater e ciúme de Frida. Aparentemente sua antagonista.
Uma montagem bastante ágil mostra uma constante repetição de eventos que fazem os convidados (e nós, espectadores) perderem a noção do tempo. Ninguém sabe quantos dias se passaram, ou a quantos dias todos estão na ilha. Os eventos vão se sucedendo e vez ou outra acontece algo um pouco fora do comum, mas nada acaba merecendo muita atenção. O clima de suspense é construído aos poucos, com Frida e Jess tomando pequenos sustos, que são esquecidos em seguida, com as mulheres deixando-se seduzirem pelas tentações do lugar.
Durante as festas, uma cena se repete, as convidadas (apenas as mulheres) aparecem correndo, nem elas (nem nós, espectadores) sabem o motivo. (Descobriremos no fim do filme)
Certa feita, Frida encontra uma senhora, funcionária do local. Ela apenas pronuncia uma frase “Coelho vermelho.” Algo que Frida só vai entender no terceiro ato do filme. Antes de as coisas começarem a se complicar de vez, Frida encontra a mesma senhora, que lhe oferece uma bebida misteriosa. A bebida é tão forte que Frida chega a cuspir. Quando percebe do que se trata, a moça fica realmente assustada.
Assim estão plantadas as sementes que serão colhidas na segunda metade do filme. O roteiro envolve à medida que nos coloca junto com a protagonista. Percebemos que algo errado está acontecendo, mas não sabemos o que é. Aos poucos, a situações ficam cada vez mais estranhas e ocorrem eventos cada vez mais graves. Chegando ao ponto em que alguns personagens precisam lutar por sua sobrevivência.
Temos aqui um belo filme de suspense. Com uma câmera ágil, uma montagem precisa, um desenho de som primoroso e interpretações igualmente inspiradas.
“Se eu estiver em perigo, pisque duas vezes.” Mas ninguém piscou para Frida.