O Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) e a PolĂcia Federal (PF) encerraram, nesta quinta-feira (3) a Operação Ibi-Çoroc de combate Ă extração de ouro e desmatamento ilegais no Parque Nacional do Juruena (PNJu), em Nova Bandeirantes, regiĂŁo norte de Mato Grosso. O termo Ibi-Çoroc, na lĂngua Tupi, significa terra rasgada, e foi usado na operação para se referir Ă ação dos garimpos ilegais que promovem a erosĂŁo das margens, o desvio e o assoreamento do curso dos rios.Â
Imagens de satélites do Programa Brasil M.A.I.S. (Meio Ambiente Integrado e Seguro), coordenado pelo Ministério da Justiça e Segurança Pública, mostraram que garimpeiros e grileiros praticavam delitos em terras da região, com a devastação de áreas de proteção ambiental, além de desmatamento e grilagem (posse ilegal) de terras públicas.
Levantamentos preliminares da perĂcia da PF apontam danos ambientais imediatos no valor de R$ 46 milhões, sĂł com a atividade minerária, e de R$ 300 milhões, com o desmatamento ilegal financiado pela mineração.
As investigações policiais revelaram que, ao se apropriar de terras pĂşblicas, os grileiros se associaram a garimpeiros para explorar a área, mediante a cobrança de um percentual do minĂ©rio extraĂdo.
Esta associação criminosa provocou o desmatamento de áreas de floresta primária e degradação de igarapés intocados. Era perto desses cursos d’água estreitos e rasos que os criminosos instalavam o maquinário de mineração.
Operação
A partir do monitoramento georreferenciado, a emissão de alertas de desmatamento e mineração ilegal permitiu aos agentes federais identificar os crimes em estágio inicial, com localização de 24 novas frentes de lavra de mineração ilegal, assim como de seus acessos, em um total de 260 hectares de áreas recém abertas, sendo 95 delas, no interior do Parque do Juruena.
Os agentes das trĂŞs instituições fizeram infiltrações por terra e constataram a existĂŞncia de frentes de lavras garimpeiras recĂ©m-abertas. Para coibir novas investidas criminosas, descapitalizar o grupo e combater ameaças ao meio ambiente, todos os equipamentos de extração de minĂ©rios instalados e em operação nas lavras ilegais foram inutilizados ou destruĂdos, sendo cinco escavadeiras hidráulicas de mĂ©dio e grande porte, dez dragas (conjunto motor-bomba de recalque em instalações hidráulicas), alĂ©m de acampamentos com estrutura de refeitĂłrio e alojamento para os garimpeiros. A PolĂcia Federal estima prejuĂzo imediato de mais de R$ 4 milhões aos infratores.
Na operação, que teve inĂcio no dia 1°, foi preso o presidente da Cooperativa de Mineração de Nova Bandeirantes (Cooperrios), responsável pela operação ilegal de garimpo na regiĂŁo, sem autorização de lavra da AgĂŞncia Nacional de Mineração. A estimativa Ă© que a pena somada dos crimes referentes ao garimpo ilegal chegue a seis anos de prisĂŁo.
De acordo com a PolĂcia Federal, as investigações e investidas das forças do Estado contra os delitos ambientais continuam. Neste momento da atuação dos agentes, haverá foco na identificação dos lĂderes e demais integrantes da associação criminosa, bem como em sua completa descapitalização.
Novos procedimentos devem ser adotados para que seja cobrada a reparação de danos impostos à sociedade e ao meio ambiente.