O presidente da Associação Brasileira dos Fabricantes de Motocicletas, Ciclomotores, Motonetas, Bicicletas e Similares (Abraciclo), Marcos Bento, divulgou nesta última quinta-feira que o setor de motocicletas atingiu a maior produção entre janeiro e setembro desde 2012, chegando a 1,32 milhões em 2024. Só no último mês, mais de 144 mil motocicletas saíram das fábricas do Polo Industrial de Manaus, número 2,7% maior que o mesmo mês em 2023, mas 12,2% menor que agosto.
Devido à alta, o presidente revisou as projeções da fabricação de motocicletas. A nova perspectiva é produzir 1,72 milhões até o fim de 2024, alta de 9,3% na comparação com o ano passado. A perspectiva inicial era de produzir 1,69 milhões de unidades, como ele já havia adiantado para A CRÍTICA em entrevista no mês de setembro.
Segundo Bento, o planejamento dos fabricantes para se precaver aos efeitos da estiagem resultou nos números positivos divulgados à imprensa em coletiva virtual.
“As fabricantes anteciparam os estoques para garantir o abastecimento das linhas de produção e adotaram alternativas logísticas para manter o ritmo de produção e atender a demanda do mercado”, disse.
Estiagem
Em entrevista, o presidente destacou que como questões de infraestrutura – em especial o atraso nas dragagens dos rios e a reconstrução da BR-319 – estão fora do alcance da Abraciclo e das fabricantes, a antecipação para a nova seca foi o meio encontrado para evitar novas paralisações e desabastecimento como ocorreu em 2023.
“Eu acho que houve uma melhora em relação ao aprendizado que tivemos no ano passado. A seca foi bastante dura no ano passado, então a gente tomou algumas lições para mudar alguns fluxos logísticos, estoques de alguns insumos estratégicos, busca de alternativas logísticas, visando minimizar o impacto. Eu acho que também tem que se destacar que o aprendizado do ano passado melhorou o diálogo também com as autoridades para que houvesse melhora na burocracia”, relembra.
Além da desburocratização fiscal na Zona Franca de Manaus (ZFM), a instalação dos portos flutuantes pelos grupos Chibatão e SuperTerminais também foi um fator na mitigação dos efeitos negativos da estiagem. Ainda assim, Marcos Bento disse que a situação atual não é boa nem fácil, mas faz com que “a gente não tenha uma previsão de desabastecimento ou paralisação, tanto é que a gente refez a nossa projeção de 1,69 milhões com um acréscimo de 30 mil unidades para atingir um patamar de 1,72 milhões” de motocicletas.
“Como a gente mostrou nos números, o polo de duas rodas como um todo, não só o segmento de motocicletas, mas também de bicicletas, segue otimista em relação [a este ano]”, disse.
Suspensão
Até o momento, a única fábrica que suspendeu suas atividades foi a Kawasaki. A empresa afirmou para a Abraciclo que se tratou de uma decisão interna por problemas logísticos no canal do Panamá, não tendo relação com a estiagem nos rios do Amazonas. Marcos Bentos informou à reportagem que as empresas continuarão mantendo seu planejamento contra as secas dos próximos anos.
Marcos Bento também voltou a defender a reconstrução da rodovia BR-319 para que seja utilizada como alternativa às vias fluviais, principalmente no período da seca.
“É um clamor do Amazonas, é um clamor das nossas autoridades para que a gente tenha a BR-319 como uma alternativa logística, que não seja a dependência única da logística fluvial”, disse.
*Fonte: Acrítica