Falar sobre dinheiro com as crianças não precisa ser um assunto complicado, muito menos um tabu dentro de casa. Na verdade, quanto antes esse diálogo começar, mais natural se tornará a relação delas com o dinheiro. A partir dos 4 ou 5 anos, já é possível introduzir conceitos simples, como o valor das coisas, o que é ganhar e o que é gastar. Nessa fase, a criança ainda não entende cálculos, mas percebe limites — e é justamente aí que começa a noção de responsabilidade financeira.
Entre os 6 e 10 anos, é hora de tornar o aprendizado mais prático e divertido. Uma ótima forma de começar é com o cofrinho dividido em três partes: uma para “gastar agora”, outra para “guardar para depois” e uma terceira para “ajudar alguém”. Essa pequena divisão ensina o conceito de planejamento e propósito do dinheiro. Também é interessante deixar que a criança decida, dentro de limites, o que quer comprar com a própria mesada — assim, ela vivencia o valor das escolhas e das consequências.
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Já na pré-adolescência, por volta dos 11 a 13 anos, a conversa pode avançar para temas como orçamento e prioridades. Um bom exercício é ajudá-la a planejar uma compra maior, como um jogo ou uma roupa, mostrando o tempo necessário para juntar o valor. Esse tipo de atividade ensina o poder da paciência e da organização. É também o momento ideal para introduzir noções de juros, explicando de forma simples que quem se endivida paga mais caro, enquanto quem investe faz o dinheiro crescer.
Quando o adolescente chega aos 14 ou 15 anos, é hora de falar sobre investimentos. E não precisa ser nada complexo. Simulações em aplicativos, jogos online e até exemplos do dia a dia ajudam a entender que investir é colocar o dinheiro para trabalhar. Nesse ponto, a conversa pode incluir conceitos como poupança, renda fixa e até investimentos com metas claras — por exemplo, “guardar para o intercâmbio” ou “comprar o primeiro notebook”.
Além das conversas, o segredo está nas vivências. As crianças aprendem muito mais observando do que ouvindo. Se veem os pais planejando, comparando preços, evitando dívidas e celebrando conquistas financeiras, essa atitude se torna um modelo natural. Transformar pequenas ações em rotina — como fazer listas de compras juntos ou definir juntos o destino da mesada — cria uma base sólida de consciência financeira.
Ensinar sobre dinheiro é, na verdade, ensinar sobre escolhas e valores. Quando a criança entende que o dinheiro é uma ferramenta, e não um fim, ela cresce sabendo que responsabilidade, paciência e planejamento são tão importantes quanto o próprio valor em si. E é assim que construímos, desde cedo, adultos mais conscientes, equilibrados e livres de endividamento — algo que toda família pode alcançar com pequenas doses de diálogo, exemplo e carinho.

 

