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Informações falsas levaram a morte de mulher trans em Parintins

Segundo Fernando Moraes, que conhecia a vítima há pelo menos cinco anos, além de ser mulher trans, Jéssica era uma Pessoa com Deficiência (PcD) e indígena

(Foto: Reprodução)

“Devido informações falsas e sem provas, a Jéssica Haddassa foi morta. Ela era inocente e não fazia mal para ninguém”, disse o presidente da Associação de Gays Lésbicas e Travestis de Parintins (AGLTPIN), Fernando de Souza Moraes. A mulher trans entra para a estatística como a décima sétima vítima de transfobia no Estado, nos últimos quatro anos, segundo dados da Associação de Travestis, Transexuais e Transgêneros do Estado do Amazonas (ASSOTRAM).

Neste ano, o dossiê divulgado no site do Observatório de Mortes e Violências contra LBGTI+ no Brasil denuncia a ocorrência de 273 mortes dessas pessoas de forma violenta no país, em 2022.

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Segundo Fernando Moraes, além de ser mulher trans, a vítima era uma Pessoa com Deficiência (PcD) e indígena.

 

“Ela tinha dificuldade de falar nossa língua e tinha um leve grau de Sindrome de Down. Eu a conhecia há cinco anos. Pra gente não foi crime de ódio não, o que aconteceu foi uma falha da justiça”, afirmou Moraes.

De acordo com ela, ao saber do resultado negativo no exame de conjunção carnal, a polícia não informou a população sobre essa situação.

“A sociedade estava pedindo para matar a Jéssica por ter estuprado a criança. Soltaram a Jéssica quase 22 horas sabendo que a sociedade estava revoltada pelo caso. Uma inocente foi morta”, explicou o presidente da AGLTPIN.

A presidente da ASSOTRAM, Rebeca Carvalho comenta que o crime contra Jéssica Haddassa reflete para a sociedade que Gays, Lésbicas e Travestis ao fazerem “coisas erradas” são apedrejadas e assassinadas.

“Tudo levar a crer que ela foi acusada de estupro, mas foi provado que não foi ela. Não posso emitir minha opinião, pois o caso ainda está sob investigação da Polícia Civil”, afirmou Carvalho.

O caso

A mulher trans identificada como Jessica Hadassa foi assassinada a tiros na noite de quinta-feira (14). O crime aconteceu no município de Parintins, interior do Amazonas, horas depois de ter sido acusada de estuprar uma criança de 5 anos de idade.

A criança é filha de uma amiga de Jessica, com quem ela estava morando no bairro Teixeirão, naquela cidade. Ela foi denunciada pela mãe da criança, que foi à delegacia após chegar em casa e a criança reclamar de dores na região abdominal.

A mãe levou a criança ao hospital acreditando que a filha estava com dor no estômago, mas a equipe médica detectou um sangramento nas partes íntimas da vítima.

Ao voltar para casa, a criança teria dito que não queria mais ir para casa. A mãe logo suspeitou que Jessica teria estuprado a menina e a denunciou para polícia.

Jessica foi presa, mas negou o crime. A criança foi submetida a exames de conjunção carnal, mas o resultado não apontou abuso sexual, tendo assim sua liberação.

Corpo de Jéssica foi velado nesta sexta-feira, em Parintins (Foto: Reprodução)
Corpo de Jéssica foi velado nesta sexta-feira, em Parintins (Foto: Reprodução)

Horas depois, Jessica foi encontrada morta em uma estrada com quatro tiros, sendo um na cabeça e os demais no pescoço e braços.

Números

Segundo a Assotram, nos últimos quatro anos foram registrados 12 homicídios, três tentativas de homicídios e dois crimes de transfobia. Neste ano, cinco homicídios contra o público LGBT foi computados no Amazonas.

 

*Fonte: A Crítica

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